segunda-feira, 25 de maio de 2015
e a música, a música, quando, como, em que termos
extremos
a ouvirei eu,
e ela me salvará da perda da terra, águas que a percorrem,
tão primeiras para o corpo mergulhado,
magníficas,
desmoronadas,
marítimas,
e que eu desapareça na luz delas -
só música ao mesmo tempo nos instrumentos todos,
curto poema completo,
com o autor cá fora salvo no derradeiro instante
numa poalha luminosa?
Servidões, Herberto Helder, Assírio & Alvim, p. 55.
Etiquetas:
calendário 2014,
Herberto Helder,
poesia
As flores nascem, amadurecem, completam-se,
abrem corolas.
- De dentro de ti saem as flores do canto:
derrama-las sobre os homens, sobre eles as esparzes:
tu és cantor!
- Frui do canto, todos vós,
frui, dançai, entre as flores respira o canto:
e eu, cantor, respiro no meu canto!
Poemas Ameríndios
mudados para português
Herberto Helder"
domingo, 24 de maio de 2015
"Diz-me que isto é apenas um sonho
ou, no máximo, um outro conto de Borges,
que os caminhos a que o amor recorre
são labirintos que se bifurcam
e se perdem, se bifurcam
e se perdem, que a sua memória
é apenas um pássaro que cruza
voando
as duvidosas fronteiras do poema.
Um universo mais
entre os milhares de universos possíveis.
uma última
e doce
e soberba
metáfora do esquecimento "
Alfonso Brezmes.
(trad. antónio carneiro)
terça-feira, 19 de maio de 2015
sexta-feira, 15 de maio de 2015
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Primavera no Wisconsin
Na limpidez tranquila da manhã diáfana
em que as despidas árvores imóveis
são como nervos ou expectantes veias
no corpo transparente do azulado ar,
as águas quietas, mas não tanto que
nelas se espelhe mais que a concentrada cor
do ar tranquilo, nem tão menos que
pareçam gelo perto as águas mais distantes,
pousam na margem delicadamente
como na mesma terra infusas se dispersam
dos ramos e dos troncos sombras confundidas.
A terra se amarela de ante-verde
e, sêca, espera, entre a neve que foi
e o ténue estremecer da seiva que desperta.
Jorge de Sena
(Madison, 15/3/1966)
Promete
a ti mesmo:
Vou ser FORTE.
Nada perturbará o meu espírito.
Vou ser OPTIMISTA.
Nada derrubará a minha paz.
Vou ser POÉTICO.
Nada ocultará o lado belo das coisas.
Vou ser LIBERTADOR.
Nada amarrará o presente aos erros do passado.
Vou ser MELHOR
Nada impedirá que aperfeiçoe as minhas capacidades.
Promete
a todos:
Vou ser RESPEITADOR
da vida, da justiça e da fraternidade.
Promete
ao Universo:
Vou ser o semeador no mundo
do melhor que há em mim.
Promete e CUMPRE.
AGORA É TUDO O QUE TENS.
Cumpre e dessa maneira viverás:
verdadeiro com o próprio coração
revelando o teu eu mais escondido
com um pincel de amor nos olhos.
(antónio carneiro)
a ti mesmo:
Vou ser FORTE.
Nada perturbará o meu espírito.
Vou ser OPTIMISTA.
Nada derrubará a minha paz.
Vou ser POÉTICO.
Nada ocultará o lado belo das coisas.
Vou ser LIBERTADOR.
Nada amarrará o presente aos erros do passado.
Vou ser MELHOR
Nada impedirá que aperfeiçoe as minhas capacidades.
Promete
a todos:
Vou ser RESPEITADOR
da vida, da justiça e da fraternidade.
Promete
ao Universo:
Vou ser o semeador no mundo
do melhor que há em mim.
Promete e CUMPRE.
AGORA É TUDO O QUE TENS.
Cumpre e dessa maneira viverás:
verdadeiro com o próprio coração
revelando o teu eu mais escondido
com um pincel de amor nos olhos.
(antónio carneiro)
domingo, 10 de maio de 2015
sábado, 9 de maio de 2015
This 2002 documentary by Donatello Dubini and Fosco Dubini is kind of a mess, but it’s a fun mess. Interviews with old friends, like Jules Siegel, superfans and webdudes, and critics (George Plimpton shows up a few times), are interspliced with a lot of stock footage. The Residents’ fantastic pop appropriations from The Third Reich Rock n’ Roll help to stitch the movie together. The film occasionally indulges in a kind of obvious paranoid rambling, and the last section, detailing an attempt to photograph Thomas Pynchon (you remember that silly CNN report?) is not nearly as interesting as Allen Rush or other Pynchonians riff. Sort of a for completists only deal.
Tagged: A Journey into the Mind of P, Film, full film, Gravity's Rainbow, The Residents, Thomas Pynchon
sexta-feira, 8 de maio de 2015
" La eternidad por fin comienza un lunes
y el día siguiente apenas tiene nombre
y el otro es el oscuro, el abolido.
Y en él se apagan todos los murmullos
y aquel rostro que amábamos se esfuma
y en vano es ya la espera, nadie viene.
La eternidad ignora las costumbres,
le da lo mismo rojo que azul tierno,
se inclina al gris, al humo, a la ceniza.
Nombre y fecha tú grabas en un mármol,
los roza displicente con el hombro,
ni un montoncillo de amargura deja.
Y sin embargo, ves, me aferro al lunes
y al día siguiente doy el nombre tuyo
y con la punta del cigarro escribo
a plena oscuridad: aquí he vivido "
Eliseo Diego ( 1920-1994 )
y el día siguiente apenas tiene nombre
y el otro es el oscuro, el abolido.
Y en él se apagan todos los murmullos
y aquel rostro que amábamos se esfuma
y en vano es ya la espera, nadie viene.
La eternidad ignora las costumbres,
le da lo mismo rojo que azul tierno,
se inclina al gris, al humo, a la ceniza.
Nombre y fecha tú grabas en un mármol,
los roza displicente con el hombro,
ni un montoncillo de amargura deja.
Y sin embargo, ves, me aferro al lunes
y al día siguiente doy el nombre tuyo
y con la punta del cigarro escribo
a plena oscuridad: aquí he vivido "
Eliseo Diego ( 1920-1994 )
quinta-feira, 7 de maio de 2015
Pára-me de Repente o Pensamento
Pára-me de repente o pensamentoComo que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz, do esquecimento...
Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára m cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado...
Pára e fica e demora-se um momento.
Pára e fica na doida correria...
Pára à beira do abismo e se demora
E mergulha na noite escura e fria
Um olhar de aço que essa noite explora...
Mas a espora da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora.
Ângelo de Lima, in 'Antologia Poética'
quarta-feira, 6 de maio de 2015
" Escribo puente
y me cruzan ríos.
Digo tú
y comienza a llover.
Me da miedo pronunciar
la palabra no,
o la palabra nunca "
Alfonso Brezmes.
y me cruzan ríos.
Digo tú
y comienza a llover.
Me da miedo pronunciar
la palabra no,
o la palabra nunca "
Alfonso Brezmes.
domingo, 3 de maio de 2015
"Procura um lugar na minha pele que não haja sido
escrito portua mão e que não tenha
algum tremor, alguma
luz de tuacarne em sua memória cega.
Procura um lugar nos meus olhos
que não haja sido espelho e que não sinta
cristalizaresse sorriso teu
que levas sobre o lábio alegre e órfão.
O que tu chamas "nunca"
já está aprendendo a andar sobre a terra;
e o que chamas de "ama-me" não ésangue
no entanto rega o meu corpo como ela.
Sim, tudo éteu,
e sem embargo sinto
algo que está mais perto
de mim que estoueu mesmo, algo que vive
apenas paraacabar, algo que cessa
contigo, amor,e que me fará impossível
a mesma vida que me dás inteira "
Luis Rosales (1910-1992)
(Foto por Lucyna Kolendo)
escrito portua mão e que não tenha
algum tremor, alguma
luz de tuacarne em sua memória cega.
Procura um lugar nos meus olhos
que não haja sido espelho e que não sinta
cristalizaresse sorriso teu
que levas sobre o lábio alegre e órfão.
O que tu chamas "nunca"
já está aprendendo a andar sobre a terra;
e o que chamas de "ama-me" não ésangue
no entanto rega o meu corpo como ela.
Sim, tudo éteu,
e sem embargo sinto
algo que está mais perto
de mim que estoueu mesmo, algo que vive
apenas paraacabar, algo que cessa
contigo, amor,e que me fará impossível
a mesma vida que me dás inteira "
Luis Rosales (1910-1992)
(Foto por Lucyna Kolendo)
(Tradução minha)
" Busca un sitio en mi piel que no haya sido
escrito por tu mano y que no tenga
algún temblor, alguna
luz de tu carne en su memoria ciega.
Busca un sitio en mis ojos
que no haya sido espejo y que no sienta
cristalizar esa sonrisa tuya
que llevas sobre el labio alegre y huérfana.
Lo que tú llamas " nunca ",
ya está aprendiendo a andar sombre la tierra;
y lo que llamas " quiéreme " no es sangre
pero riega mi cuerpo como ella.
Sí, todo es tuyo,
y sin embargo siento
algo que está más cerca
de mí que estoy yo mismo, algo que vive
sólo para acabar, algo que cesa
contigo, amor, y que me hará imposible
la vida misma que me das entera "
Luis Rosales ( 1910-1992 )
sábado, 2 de maio de 2015
"...O mundo condena os mentirosos que não fazem senão mentir, até sobre as coisas ínfimas, e vai premiando os poetas, que só mentem sobre as coisas grandíssimas."
Umberto Eco, in Baudolino (pg. 46).
Umberto Eco, in Baudolino (pg. 46).
sexta-feira, 1 de maio de 2015
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