terça-feira, 31 de janeiro de 2017


João Lopes dos Santos, 55 anos

FOI um dos quatro físicos a serem distinguidos com o Seeds Of Science «Ciências Exactas» do Ciência Hoje (CH) que decidiu, assim, prestar uma homenagem àqueles que estudam o grafeno, descoberto no final de 2004, base do Prémio Nobel da Física 2010. Os quatro (Nuno Peres, João Lopes dos Santos, Vítor Pereira e Eduardo Castro – antigo estudante da U.Porto) assinaram artigos em colaboração com os dois laureados, André Geim e Kostantin Novoselov. Factores que justificaram a decisão do CH.
João Lopes dos Santos conta que “quando, em Junho de 2005”, se deslocou a Boston para trabalhar com o seu estudante de doutoramento Vitor Pereira e o seu co-orientador, Antonio Castro Neto, “este e o Nuno Peres tinham chegado há pouco do March Meeting da Sociedade Americana de Física, onde Andre Geim tinha apresentado a recente descoberta do grafeno. O Nuno e o Antonio perceberam logo a importância desta descoberta, e já estavam a trabalhar intensamente neste novo material”. Diz que, a partir daqui, se formou “imediatamente um grupo de trabalho no qual me inclui, juntamente com o Vitor Pereira e o Eduardo Castro, outro estudante meu e do Nuno, que também estava em Boston”. Os encontros seguiram-se, regularmente, nos anos que se seguiram. “O Andre Geim veio a reconhecer a qualidade e o pioneirismo do trabalho deste grupo de teóricos, e partilhou connosco alguns dos resultados experimentais do seu grupo. Daí resultaram vários artigos em co-autoria com Geim e Novoselov, os prémios Nobel da Física de 2010”.
João Lopes dos Santos tem um Doutoramento em Física Teórica, pela Universidade de Londres (Imperial College) e concluiu a Licenciatura em Física, ramo Física do Estado Sólido, na Universidade do Porto. É Professor Associado de Física no Departamento de Física da U.Porto e investiga Física da Matéria Condensada: sistemas desordenados, sistemas magnéticos, grafeno; informação quântica em sistemas de Matéria Condensada.
De que mais gosta na Universidade do Porto?
É verdadeiramente uma Universidade (Universitas: universalidade, totalidade), pois engloba (quase) todos os ramos de conhecimento.
De que menos gosta na Universidade do Porto?
Tem tantos muros e quintais, que pouco lhe aproveita ser uma Universitas no sentido acima referido.
Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Derrubar os muros.
Como prefere passar os tempos livres?
A dançar (danças de salão).
Um livro preferido?
Quatro: Marcos, Lucas, Mateus e João.
Um disco preferido?
“Cosi Fan Tutte” de Mozart com Karl Böhm, Elizabeth Schwarzkopf e Christa Ludwig.
Um prato preferido?
Arroz de frango lá de casa.
Um filme preferido?
Um Homem para a Eternidade, de Fred Zinneman.
Uma ambição, em termos profissionais?
Ver um docente ou ex-aluno do meu Departamento ganhar o Nobel da Física.
Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?
Andar a pé pela Escócia.
Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)?
The Feynman Lectures on Physics.
Uma experiência de vida marcante?
Conhecer boas pessoas.
Publicado in http://noticias.up.pt/

de: http://www.correiodoporto.pt/do-porto/joao-lopes-dos-santos-55-anos

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Effective writing strategies

Posted by CreateSpaceBlogger on Jan 3, 2017 5:35:51 AM

Are you ready to start writing that new manuscript, but you can't quite quantify the strategies that helped you complete the previous manuscript? Here are five writing strategies to keep in mind as you start putting words to paper:

  1. Tone: The tone of your first paragraph should indicate the genre of your book. Writing a horror novel? The tone should be menacing. Planning a mystery? Your first paragraph should contain an enigmatic air. A romance novel should lead with a hint of longing. When readers finish the first paragraph, they should have a sense of what type of book they're about to invest time in.
  2. Characters: Know your main characters before you start writing. I don't care how you achieve this, but have a detailed knowledge of your main characters' backgrounds before you structure your plot. In addition, know how your story is going to change them.
  3. Breaks: Stop writing for the day when you know what is going to happen next. Give yourself some time to mull over the details of the next part of the story. Let it marinate in your creative juices.
  4. Plot: Knowing the ending of your story before you write will help you complete a first draft more quickly. There's something about knowing your storytelling destination that helps you power through the journey in record time.
  5. Just do it: Don't be perfect...at least the first time around. Write your first draft with reckless abandon. Let go and let your fingers fly across the keyboard.

-Richard

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Richard Ridley is an award-winning author and paid CreateSpace contributor.

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domingo, 29 de janeiro de 2017

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Uma vez um anjo apaixonou-se por van gogh e veio vê-lo
van gogh pintou-o naquela cadeira, te acuerdas federico bajo
                                                                                      [la tierra?
o anjo depois foi-se embora  van gogh ficou com o tabaco
                                                                               [estragado

mondrian também tinha um anjo mas o dele era mau
não se importava com coisa nenhumas batia-lhe nos olhos



manuel antónio pina
as pessoas e outros poemas clóvis da silva
algo parecido com isto, da mesma substância
poesia reunida 1974-1992
afrontamento
1992


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CÂNTICO DE AMOR

Ama quem amas, como o vento
Ama as folhas do olmo
(Amor que lhes transmite movimento
E alegria).
Asa que possa andar no firmamento,
Só caminha no chão por cobardia.

miguel torga
nihil sibi
1948



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Deixa passar o vento
Sem lhe perguntar nada.
Seu sentido é apenas
Ser o vento que passa…
Consegui que desta hora
O sacrifical fumo
Subisse até ao Olimpo.
E escrevi estes versos
Pra que os deuses voltassem.

12-9-1916


fernando pessoa
poemas de ricardo reis
imprensa nacional - casa da moeda
1994


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Livro do meu amor, do teu amor,
Livro do nosso amor, do nosso peito…
Abre-lhe as folhas devagar, com jeito,
Como se fossem pétalas de flor.
Olha que eu outro já não sei compor
Mais santamente triste, mais perfeito
Não esfolhes os lírios com que é feito
Que outros não tenho em meu jardim de dor!
Livro de mais ninguém! Só meu! Só teu!
Num sorriso tu dizes e digo eu:
Versos só nossos mas que lindos sois!
Ah, meu Amor! Mas quanta, quanta gente
Dirá, fechando o livro docemente:
“Versos só nossos, só de nós os dois!…”

Florbela Espanca
In Sonetos
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"Aprender hoy, ya hombre,
      las palabras que no aprendí de niño :

      esta delicia postergada
      en la confitería del lenguaje,

      un puñado de dulces
      que no caducan nunca

      hallados en su caja
      de metal y de asombro "

      Antonio Rivero Taravillo.



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sábado, 28 de janeiro de 2017

Venus Through Water Drops 
Image Credit & Copyright: John Bell


Feynman,  ARW 357
*


 Ce n'est pas la lumière qui manque à notre regard,
c'est notre regard qui manque de lumière. 
Gustave Thibon


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I crave your mouth, your voice, your hair.
Silent and starving, I prowl through the streets.
Bread does not nourish me, dawn disrupts me, all day
I hunt for the liquid measure of your steps.

I hunger for your sleek laugh,
your hands the color of a savage harvest,
hunger for the pale stones of your fingernails,
I want to eat your skin like a whole almond.

I want to eat the sunbeam flaring in your lovely body,
the sovereign nose of your arrogant face,
I want to eat the fleeting shade of your lashes,

and I pace around hungry, sniffing the twilight,
hunting for you, for your hot heart,
like a puma in the barrens of Quitratue.

—Pablo Neruda


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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

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Calafetado contra os sonhos, fico
Contigo, prisioneiro dos liames
Que te cercam e cercam o teu rosto,
A tua carne rasgada nos arames.

Extinguiu-se o apelo da partida…
As quilhas já não sofrem a espuma.
Fico contigo na luta pelo dia
No endurecido leito de caruma.

Tu estás sentada sobre a terra…
Pelas searas corre um vento rude.
Teu corpo é uma espiga amadurecida
Pela água aprisionada do açude.

Corsários acamaradam no mar largo…
Mas do teu caule fino, nasce e ondeia
À minha volta, uma canção serena
Que me prende docemente à sua teia.



egito gonçalves
a rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001


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Daughter - "The End"

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As mãos lindas que vi deixam-me absorto:
compridos dedos, polegares de espátula,
um dedilhar de flores em jardins ociosos,
só comparável a conversa amena
de duas mulheres simples debruçadas
sobre o tampo liso de uma mesa.

A riqueza da vida reside nisto:
um leve toque no ombro do próximo…
uma cortina de chuva vedando a verdade
olhos indiferentes, indiscretos…
e um ar de encanto, um fácil soluço
ouvido longe, como que em segredo.

9/11/76


ruy cinatti
56 poemas
de antiguidades burlesco-sentimentais
relógio d´agua
1981


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There is always something left to love.”

 - Gabriel Garcí­a Márquez



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“The words you speak become the house you live in.”

 - Hafiz


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(…) é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar… Ah, como esta vida é urgente!
… no entanto
eu gostava mesmo era de partir…
e – até hoje – quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma…
viajar indefinidamente…
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.
Mario Quintana


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 Each has his own version of the truth.. 
Simone de Beauvoir, from The Woman Destroyed, transl. Patrick O'Brian (Pantheon, 1987) 


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" Ya estoy hecho a morir. De tal manera
        me he desacostumbrado de lo vivo,
        que no espero sno el definitivo
        sueño, el término de la espera.

        Sólo en el desapego, en la entera
        privación de todo, en el pasivo
        renunciamiento sucesivo
        halla el alma su razón verdadera.

        Vida, pues, para nada sostenida
        es la mía, al vago viento asida
        y siempre salteada de la muerte.

        A la desnudez misma equiparada,
        solitario poeta de la Nada,
        miro como al fin a ella revierte "

          Juan Valencia ( 1929-1990 )


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Nós, portugueses, costumamos dizer que temos uma palavra intraduzível: saudade. Não é a mesma coisa que nostalgia (palavra quase igual em muitas línguas) e exprime um sentimento de tristeza pela ausência de alguém. Um dia destes, perguntei-me se “saudade” teria a mesma origem de “saudar” (são tão próximas) e pensei que, no fundo, a saudade talvez significasse um desgosto por não poder cumprimentar alguém que está longe. Mas não: ao que apurei, “saudar” vem de saúde, pelo que ainda hoje os espanhóis se despedem nas cartas com “saludos” e os italianos com “saluti”, querendo no fundo dizer que desejam que os outros estejam ou fiquem bem de saúde, tal como César dizia “salve” e, ao batermos os copos para um brinde, fazemos nós mesmos uma “saúde”. A saudade vem do latim (solitus+atis, uma espécie de solidão, uma vez que solus significa “a um”, ou seja, sozinho). É por o outro se encontrar longe que estamos sozinhos e sentimos a sua falta, expressão que em inglês e francês é mais directa (“I miss you”, sinto a tua falta; “tu me manques”, faltas-me); em espanhol, o correspondente a “tenho saudades tuas” é “te extraño”, que não pode traduzir-se por “estranho-te”, mas que é um pouco o avesso do que se “entranha”, isto é, o que está afastado. Franceses e espanhóis passam o ónus do desgosto para quem falta, nós e os ingleses assumimos a nossa própria solidão. Saúde para todos!

in Hora extrordinárias