sexta-feira, 20 de janeiro de 2017



Descendo na cava, por feliz a gente vinha em oculto.
E, justo, já embaixo, no principiar da várzea, era um capim com mais viço, capinzal do fresco de pé-de-serra. 
Capim mais alto do que eu – nele à gente se tapava. 
Coincidido que, permeio o verde dos talos, a gente via algumas borboletas, presas num lavarinto, batendo suas asas, como por ser. 
Caiu o açúcar no mel! 
Porque, igual também convim que podíamos ladear um tanto; e, daí, separei, de cabeça, um grupo de homens, que iam ir com o Fafafa: esses avançarem primeiramente – como a certa isca – perturbando o cálculo do inimigo, ao dar o dar. 
Respiramos tempo, naqueles transitórios. 
De rechego, coçando as caras no capim em pontas, que dava vontade de se espirrar. 
Só o rumor que se ouvia era o dos cavalos abocanhando. 
Eu tinha pressa de um final, mas o que ia mor em mim era um lavorar de paciência: talento com que eu podia ficar retardando lá, a toda a vida. 
Safas – que eu podia dar também um pulo, enorme, sustirado,

repentemente. 
Vi: o que guerreia é o bicho, não é o homem.


JOÃO GUIMARÃES ROSA
Grande Sertão: Veredas
(1956)

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