domingo, 22 de janeiro de 2017

Roberto Juarroz (1925-1995)

*

Não há regresso.
Mas existem alguns movimentos
que se assemelham a um retorno
como o relâmpago à luz.

É como se fossem
formas físicas da memória,
um rosto que volta a formar-se por entre as mãos,
uma paisagem submersa que se reinstala na retina,
há que procurar medir de novo a distância que nos separa da terra,
voltar a comprovar que os pássaros ainda nos seguem, vigilantes.

Não há retorno.
No entanto,
tudo é uma invertida esperança
que vai crescendo para trás.


Roberto Juarroz, in PoesiaVertical (1987).


*

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