domingo, 22 de janeiro de 2017

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[À ESQUERDA)

À esquerda e a meia altura da folha colocada
na vertical, o artista desenhou um pulso
com a sua mão articulada, deitada aberta para trás.
Deixou-se ali à espera de algo que viria
nela poisar, apoiar-se, confiante, nela. E veio.
E agora está lá desde sempre: uma cabeça feminina
- firme e desenhada com a minúcia da ternura -
com aquele olhar
velado, em frente
que dá a ilusão de ser a ti que olha.

[MANUEL GUSMÃO (1945)]
(Pequeno Tratado das Figuras)
(in Poemário Assírio & Alvim 2014)

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