segunda-feira, 30 de novembro de 2015
O Sineiro
Enquanto o sino acorda a sua voz tão clara
Ao ar puro e profundo e límpido do dia
E aflora a criança, solícita, a lançar-lhe
Entre a alfazema e o timo a sua avé-maria,
O sineiro que a ave, ao alumiá-la, roça,
Tristemente postado, engrolando o latim,
Na pedra a retesar, por séculos, a corda,
Não ouve mais que um eco a soar no infinito.
Sou esse homem. Mas ai! da noite desejante
Bem posso ressoar, puxando, o Ideal:
Dos pecados só treme uma nobre plumagem,
E a voz só me vem em soluços e vã!
Mas um dia, cansado de puxar, puxar,
Hei-de a pedra tirar, Satã, e enforcar-me.
Stéphane Mallarmé (1842-1898)
Poesias
(tradução, prefácio e notas de José Augusto Seabra)
Enquanto o sino acorda a sua voz tão clara
Ao ar puro e profundo e límpido do dia
E aflora a criança, solícita, a lançar-lhe
Entre a alfazema e o timo a sua avé-maria,
O sineiro que a ave, ao alumiá-la, roça,
Tristemente postado, engrolando o latim,
Na pedra a retesar, por séculos, a corda,
Não ouve mais que um eco a soar no infinito.
Sou esse homem. Mas ai! da noite desejante
Bem posso ressoar, puxando, o Ideal:
Dos pecados só treme uma nobre plumagem,
E a voz só me vem em soluços e vã!
Mas um dia, cansado de puxar, puxar,
Hei-de a pedra tirar, Satã, e enforcar-me.
Stéphane Mallarmé (1842-1898)
Poesias
(tradução, prefácio e notas de José Augusto Seabra)
Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa,completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar.
-
Cecília Meireles-
domingo, 29 de novembro de 2015
Implorando o sopro -
(Zunhis)
Implorando o sopro do ser divino,
o sopro que dá a vida,
o sopro de muita idade,
o sopro das águas,
o sopro das sementes,
o sopro da fecundidade,
o sopro da abundância,
o sopro do poder,
o sopro da força,
o sopro de todas as espécies de sopro
pedindo o seu sopro,
inspirando o seu sopro no calor do meu corpo,
incorporo o seu sopro
para que vivas sempre luminosamente.
" Aquí tienes, amor, tu antiguo huerto,
con su doblada hilera de granados,
que abril dejó de verde coronados
y junio con sus flores ha cubierto.
Y donde en lor segura y fruto incierto
se muestran los olivos blanqueados,
y van al amarillo los sembrados,
y al calor las gayombas se han abierto.
Aquí te espero, amor, por las veredas
que no vienen ni van a parte alguna
sino a aquel corazón en donde habitan,
y donde aun sin venir siempre te quedas,
y haces mi soledad tan oportuna,
que la paz y el silencio la visitan "
José Antonio Muñoz Rojas ( 1909-2009 )
sábado, 28 de novembro de 2015
A idade não nos despoja,
cumula-nos como coisas:
há cada vez
mais retratos,
cartas e livros por ler,
flores negras, frutos brancos,
sombras em quartos soalheiros,
mais discos e luz insones
a pedir sono e mãos próximas,
mais punhais
mais insidiosos
contra corações
mais plenos.
José Bento (1932)
Alguns Motetos
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
RECONCILIAÇÃO
Não sejas, mulher, os tormentos meus
e seja um só meu desejo e o teu.
Tu hás-de ser o meu amor na terra
e o nosso abraço um ao outro há-de estreitar.
Pousa nos meus teus lábios vermelhos,
mulher com a pele da cor da espuma.
Com teus alvos braços o meu corpo enlaça
e sejam esquecidas disputas antigas.
Moça bonita, de mil e uma graças,
não sejas volúvel; olha meus olhos,
recebe-me no leito onde te deitas
e sejam um só o teu corpo e o meu.
Por ti eu esqueci as outras mulheres,
só a ti eu quero bem junto ao peito.
Peço-te que faças o voto que eu fiz:
não queiras os outros, escolhe-me a mim.
Eu sei que tu sabes que sinto por ti
amor sem medida, desejo infinito.
Eu apenas quero que sintas por mim
o mesmo desejo, um amor igual.
Irlandês – Autor desconhecido (Século XV)
inO Imenso Adeus — poemas celtas do amor
(tradução de José Domingos Morais)
Não sejas, mulher, os tormentos meus
e seja um só meu desejo e o teu.
Tu hás-de ser o meu amor na terra
e o nosso abraço um ao outro há-de estreitar.
Pousa nos meus teus lábios vermelhos,
mulher com a pele da cor da espuma.
Com teus alvos braços o meu corpo enlaça
e sejam esquecidas disputas antigas.
Moça bonita, de mil e uma graças,
não sejas volúvel; olha meus olhos,
recebe-me no leito onde te deitas
e sejam um só o teu corpo e o meu.
Por ti eu esqueci as outras mulheres,
só a ti eu quero bem junto ao peito.
Peço-te que faças o voto que eu fiz:
não queiras os outros, escolhe-me a mim.
Eu sei que tu sabes que sinto por ti
amor sem medida, desejo infinito.
Eu apenas quero que sintas por mim
o mesmo desejo, um amor igual.
Irlandês – Autor desconhecido (Século XV)
inO Imenso Adeus — poemas celtas do amor
(tradução de José Domingos Morais)
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
POEMA DO DIA
26 de Novembro de 2015
[Mordiscas-me os lábios]
Mordiscas-me os lábios
cão pássaro rapaz
(não quero que te vás embora
e sei que vais ter de te ir embora)
quero dormir contigo
com a tua mão
sobre o meu coração
para que saibas
os meus segredos
beliscas-me ao de leve
eu sei que não é um sonho
mas é como um sonho
para mim
Adília Lopes (1960)
Dobra (Poesia Reunida 1983-2007)
26 de Novembro de 2015
[Mordiscas-me os lábios]
Mordiscas-me os lábios
cão pássaro rapaz
(não quero que te vás embora
e sei que vais ter de te ir embora)
quero dormir contigo
com a tua mão
sobre o meu coração
para que saibas
os meus segredos
beliscas-me ao de leve
eu sei que não é um sonho
mas é como um sonho
para mim
Adília Lopes (1960)
Dobra (Poesia Reunida 1983-2007)
33 livros que deve ler antes dos 30
http://www.sol.pt/noticia/482423
Aqui fica a lista:
- ‘Meditações’, de Marco Aurélio;
- ‘O Mito de Sísifo’, de Albert Camus;
- ‘Crime e Castigo’, de Fiódor Dostoiévski;
- ‘Anna Karenina’, de Leo Tolstói;
- ‘O Principezinho’, de Antoine de Saint-Exupéry;
- ‘O Poder do Mito’, de Joseph Campbell;
- ‘Bhagavad-Gita’;
- ‘Sidarta’, de Hermann Hesse;
- Obras completas de Jalal ad-Din Muhammad Rumi;
- ‘O Ano do Pensamento Mágico’, de Joan Didion;
- ‘O Deus das Pequenas Coisas’, de Arundhati Roy;
- ‘Fun Home’, de Alison Bechdel;
- ‘Dentes Brancos’, de Zadie Smith;
- ‘A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao’, de Junot Díaz;
- ‘The Beggar Maid’, de Alice Munro;
- ‘O Estranho Mundo de Garp’, de John Irving;
- ‘Persépolis’, de Marjane Satrapi;
- ‘Between the World And Me’, de Ta-Nehisi Coates;
- ‘Primeiro Eles Mataram o Meu Pai’, de Loung Ung;
- 'The Truth', de Neil Strauss;
- ‘Iron John’, de Robert Bly;
- ‘A Chave do Sucesso’, de Malcolm Gladwell;
- ‘The Black Swan’, de Nassim Taleb;
- ‘O Milagre da Mente Alerta’, de Thich Nhat Hanh;
- ‘So Good They Can't Ignore You’, de Cal Newport;
- ‘The Intelligent Investor’, de Benjamin Graham;
- ‘Give and Take’, de Adam Grant;
- ‘The Power Broker’, de Robert A. Caro;
- ‘Fluir’, de Mihaly Csikszentmihalyi;
- ‘De Zero a Um’, de Peter Thiel;
- ‘Crossing the Unknown Sea’, de David Whyte;
- ‘Tiny Beautiful Things: Advice on Love and Life from Dear Sugar’, de Cheryl Strayed;
- ‘How Will You Measure Your Life?’, de Clayton M. Christensen.
Aqui fica a lista:
- ‘Meditações’, de Marco Aurélio;
- ‘O Mito de Sísifo’, de Albert Camus;
- ‘Crime e Castigo’, de Fiódor Dostoiévski;
- ‘Anna Karenina’, de Leo Tolstói;
- ‘O Principezinho’, de Antoine de Saint-Exupéry;
- ‘O Poder do Mito’, de Joseph Campbell;
- ‘Bhagavad-Gita’;
- ‘Sidarta’, de Hermann Hesse;
- Obras completas de Jalal ad-Din Muhammad Rumi;
- ‘O Ano do Pensamento Mágico’, de Joan Didion;
- ‘O Deus das Pequenas Coisas’, de Arundhati Roy;
- ‘Fun Home’, de Alison Bechdel;
- ‘Dentes Brancos’, de Zadie Smith;
- ‘A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao’, de Junot Díaz;
- ‘The Beggar Maid’, de Alice Munro;
- ‘O Estranho Mundo de Garp’, de John Irving;
- ‘Persépolis’, de Marjane Satrapi;
- ‘Between the World And Me’, de Ta-Nehisi Coates;
- ‘Primeiro Eles Mataram o Meu Pai’, de Loung Ung;
- 'The Truth', de Neil Strauss;
- ‘Iron John’, de Robert Bly;
- ‘A Chave do Sucesso’, de Malcolm Gladwell;
- ‘The Black Swan’, de Nassim Taleb;
- ‘O Milagre da Mente Alerta’, de Thich Nhat Hanh;
- ‘So Good They Can't Ignore You’, de Cal Newport;
- ‘The Intelligent Investor’, de Benjamin Graham;
- ‘Give and Take’, de Adam Grant;
- ‘The Power Broker’, de Robert A. Caro;
- ‘Fluir’, de Mihaly Csikszentmihalyi;
- ‘De Zero a Um’, de Peter Thiel;
- ‘Crossing the Unknown Sea’, de David Whyte;
- ‘Tiny Beautiful Things: Advice on Love and Life from Dear Sugar’, de Cheryl Strayed;
- ‘How Will You Measure Your Life?’, de Clayton M. Christensen.
C. H. Sisson (Bristol, 1914-2003)
Antes de mais
Nada do que é dito ou feito
Se compara, no fundo,
Às primeiras noções do amor.
Assim será para sempre.
Fala, Deus, para o embaraçado
Servo que eu sou. Serão boas novas
Se me disseres que estou salvo.
Nada do que é dito ou feito
Se compara, no fundo,
Às primeiras noções do amor.
Assim será para sempre.
Fala, Deus, para o embaraçado
Servo que eu sou. Serão boas novas
Se me disseres que estou salvo.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
“Staley Fleming’s Hallucination”
by
Ambrose Bierce
Of two men who were talking one was a physician.
“I sent for you, Doctor,” said the other, “but I don’t think you can do me any good. May be you can recommend a specialist in psychopathy. I fancy I’m a bit loony.”
“You look all right,” the physician said.
“You shall judge – I have hallucinations. I wake every night and see in my room, intently watching me, a big black Newfoundland dog with a white forefoot.”
“You say you wake; are you sure about that? ‘Hallucinations’ are sometimes only dreams.”
“Oh, I wake, all right. Sometimes I lie still a long time, looking at the dog as earnestly as the dog looks at me – I always leave the light going. When I can’t endure it any longer I sit up in bed – and nothing is there!”
“‘M, ‘m – what is the beast’s expression?”
“It seems to me sinister. Of course I know that, except in art, an animal’s face in repose has always the same expression. But this is not a real animal. Newfoundland dogs are pretty mild looking, you know; what’s the matter with this one?”
“Really, my diagnosis would have no value: I am not going to treat the dog.”
The physician laughed at his own pleasantry, but narrowly watched his patient from the corner of his eye. Presently he said: “Fleming, your description of the beast fits the dog of the late Atwell Barton.”
Fleming half-rose from his chair, sat again and made a visible attempt at indifference. “I remember Barton,” he said; “I believe he was – it was reported that – wasn’t there something suspicious in his death?”
Looking squarely now into the eyes of his patient, the physician said: “Three years ago the body of your old enemy, Atwell Barton, was found in the woods near his house and yours. He had been stabbed to death. There have been no arrests; there was no clew. Some of us had ‘theories.’ I had one. Have you?”
“I? Why, bless your soul, what could I know about it? You remember that I left for Europe almost immediately afterward – a considerable time afterward. In the few weeks since my return you could not expect me to construct a ‘theory.’ In fact, I have not given the matter a thought. What about his dog?”
“It was first to find the body. It died of starvation on his grave.”
We do not know the inexorable law underlying coincidences. Staley Fleming did not, or he would perhaps not have sprung to his feet as the night wind brought in through the open window the long wailing howl of a distant dog. He strode several times across the room in the steadfast gaze of the physician; then, abruptly confronting him, almost shouted: “What has all this to do with my trouble, Dr. Halderman? You forget why you were sent for.”
Rising, the physician laid his hand upon his patient’s arm and said, gently: “Pardon me. I cannot diagnose your disorder off-hand – to-morrow, perhaps. Please go to bed, leaving your door unlocked; I will pass the night here with your books. Can you call me without rising?”
“Yes, there is an electric bell.”
“Good. If anything disturbs you push the button without sitting up. Good night.”
Comfortably installed in an armchair the man of medicine stared into the glowing coals and thought deeply and long, but apparently to little purpose, for he frequently rose and opening a door leading to the staircase, listened intently; then resumed his seat. Presently, however, he fell asleep, and when he woke it was past midnight. He stirred the failing fire, lifted a book from the table at his side and looked at the title. It was Denneker’s “Meditations.” He opened it at random and began to read:
“Forasmuch as it is ordained of God that all flesh hath spirit and thereby taketh on spiritual powers, so, also, the spirit hath powers of the flesh, even when it is gone out of the flesh and liveth as a thing apart, as many a violence performed by wraith and lemure sheweth. And there be who say that man is not single in this, but the beasts have the like evil inducement, and – ”
The reading was interrupted by a shaking of the house, as by the fall of a heavy object. The reader flung down the book, rushed from the room and mounted the stairs to Fleming’s bed-chamber. He tried the door, but contrary to his instructions it was locked. He set his shoulder against it with such force that it gave way. On the floor near the disordered bed, in his night clothes, lay Fleming gasping away his life.
The physician raised the dying man’s head from the floor and observed a wound in the throat. “I should have thought of this,” he said, believing it suicide.
When the man was dead an examination disclosed the unmistakable marks of an animal’s fangs deeply sunken into the jugular vein.
But there was no animal.
Tagged: Ambrose Bierce, Short Story
wretch
1.
a deplorably unfortunate or unhappy person.
2.
a person of despicable or base character.
Truthful people are a big pain. That is their aim in life: to be a big pain. Because we naturally love lies. Lies are more fun, far pleasanter to hear, for the most part, and certainly more effective. In fact, they are called for. Parents pretend they want to know whether Gertie is screwing in the parlor and whether Peter is smoking pot in the barn. And if the kids tell the truth, as they are beseeched to do, they will be ragged and snagged and grounded unmercifully. So the kids learn. Lying promotes freedom. Lying guards privacy. Lying saves lives and wins elections. It describes things as they ought to be. Of course, we need to be truthful, but only on occasion.Lying is a vice that succeeds, as so many other vices do, only in an environment of truthfulness. Remember the paradox: Cretans are liars, the Cretan swore. And retell to yourself the fable about the boy who cried, “Wolf … wolf …” one too many times. Vices need virtues and vice versa. I am speaking, of course, about the little lies of daily life, not the big lies of priests and politicians, those who want to fix things and those who want things fixed.
People who publically complain of sin so often privately enjoy it. Lutherans, for instance, don’t like lust. Catholics and Calvinists are both against it. Mormons allow us several wives but it’s not on account of lust. Baptists are not on lust’s side. If you measure a man by the quality of his enemies, Casanova figures well.
The trouble with temperate people is that they are rarely temperate. All the temperance societies I know promote abstinence. “Nothing too much yet everything a little bit” is not their motto. No. Nothing is the operative word. “Masturbation in moderation” is not their motto. A truly temperate person doesn’t play golf every day. A truly temperate person doesn’t run more than a block a week. A temperate reader won’t read all of Austen or a lot of Balzac. Temperate persons eat sensibly, which means they never diet. But those whose profession is temperance only rail against sex and alcohol, drugs and atheism. Professionally temperate people are cranks. Atheism they ought to like. Atheists admire the word nothing. But they probably don’t admire lust much. Not a single favorable vote from the Methodists. Pietists—nix.
Piety is a nasty little virtue. Reverence for Pa the father, Ra the god, and hurrah the flag. Piety is respect for power and privilege, ancestors and the dead-and-gone deities. There is nothing in the world worth worship.
From William H. Gass’s essay “Lust.” Collected in Life Sentences.
My world, my Earth, is a ruin
My world, my Earth, is a ruin. A planet spoiled by the human species. We multiplied and gobbled and fought until there was nothing left, and then we died. We controlled neither appetite nor violence; we did not adapt. We destroyed ourselves. But we destroyed the world first. There are no forests left on my Earth. The air is grey, the sky is grey, it is always hot. It is habitable, it is still habitable, but not as this world is. This is a living world, a harmony. Mine is a discord. You Odonians chose a desert; we Terrans made a desert. . . . We survive there as you do. People are tough! There are nearly a half billion of us now. Once there were nine billion. You can see the old cities still everywhere. The bones and bricks go to dust, but the little pieces of plastic never do—they never adapt either. We failed as a species, as a social species. We are here now, dealing as equals with other human societies on other worlds, only because of the charity of the Hainish. They came; they brought us help. They built ships and gave them to us, so we could leave our ruined world. They treat us gently, charitably, as the strong man treats the sick one. They are a very strange people, the Hainish; older than any of us; infinitely generous. They are altruists. They are moved by a guilt we don’t even understand, despite all our crimes. They are moved in all they do, I think, by the past, their endless past. Well, we had saved what could be saved, and made a kind of life in the ruins, on Terra, in the only way it could be done: by total centralization. Total control over the use of every acre of land, every scrap of metal, every ounce of fuel. Total rationing, birth control, euthanasia, universal conscription into the labor force. The absolute regimentation of each life toward the goal of racial survival. We had achieved that much, when the Hainish came. They brought us . . . a little more hope. Not very much. We have outlived it. . . . We can only look at this splendid world, this vital society, this Urras, this Paradise, from the outside. We are capable only of admiring it, and maybe envying it a little. Not very much.From Ursula K. Le Guin’s 1974 novel The Dispossessed.
"
Os inocentes são por assim dizer as musas dos criminosos. Mas há poucos
inocentes, não conheço nenhum, e não se busque sobretudo entre
crianças: as crianças são monstruosas, eu sei, fui criança muito tempo, e
o meu talento era monstruoso, o talento visívelmente simples de
respirar, mexer-se, propor uma palavra, uma frase, interpretar as coisas
segundo a lei inspirada. A inocência é a tarefa de uma vida e essa vida
deve ser então redonda, completa. Não sei de vidas completas. ..."
Herberto Helder (23/11/30 - 23/3/2015), in Telhados de Vidro (nº 4 - Maio 2005).
" En filosofía basta a veces una sola pregunta para que todo un sistema se desplome "
" La sociedad hasta ayer tenía notables; hoy solo notorios "
" No ser orador es no poder hablar sino de lo que se sabe "
" El pueblo a veces acierta cuando se asusta; pero siempre se equivoca cuando se entusiasma "
" Los que no hemos seguido nunca moda alguna podemos envejecer sin melancolía "
Nicolás Gómez Dávila ( 1913-1994 )
" La sociedad hasta ayer tenía notables; hoy solo notorios "
" No ser orador es no poder hablar sino de lo que se sabe "
" El pueblo a veces acierta cuando se asusta; pero siempre se equivoca cuando se entusiasma "
" Los que no hemos seguido nunca moda alguna podemos envejecer sin melancolía "
Nicolás Gómez Dávila ( 1913-1994 )
“Once is happenstance. Twice is coincidence,”
said Auric Goldfinger in Ian Fleming’s James Bond novel.
said Auric Goldfinger in Ian Fleming’s James Bond novel.
domingo, 22 de novembro de 2015
Herberto Helder completaria amanhã
(23/11) 85 anos, não fosse ter falecido a 23 de Março passado. Não é
demais lembrar a notável evolução ( na minha opinião, positiva ) que se
processou nos seus últimos livros publicados, e que engrandeceu muito a
sua obra poética. Coisa rara, na velhice dos poetas.
Mas além
de notável artífice, nesta carta manuscrita que dirigiu a Eugénio de
Andrade, pelo Natal do ano 2000, revela um apurado sentido crítico, sem
papas na língua, ao abordar a obra poética de alguns confrades, de forma
desapiedada, mas muito certeira. Coisa, também muito rara.
Nota:
a carta manuscrita de Herberto Helder, para Eugénio de Andrade, não é
inédita. Foi publicada no "Jornal do Fundão" em 17 de Junho de 2005.
35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3
F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310
COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453
4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M
ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!
EU TE AMO
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
Chico Buarque
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
Chico Buarque
sábado, 21 de novembro de 2015
This image of the northwest corner of Australia was snapped by a student
on Earth after remotely controlling the Sally Ride EarthKAM aboard the
International Space Station. The program allows students to request
photographs of specific Earth features, which are taken by a special
camera mounted on the station when it passes over these features.
Viajar
de comboio tem sempre uma mística especial, e agora graças à tecnologia
Street View, podemos viajar pelas linhas férreas nacionais sem sair de
casa, recorrendo às viagens virtuais.
A CP decidiu imortalizar as nossas linhas férreas, e em parceria com o Google colocou um sistema de captura 360º na frente dos seus comboios, com a qual registou imagens que agora permitem recriar viagens virtuais nas seguintes linhas:
Depois de nos permitir passear por grande parte das estradas do mundo, por museus, parques nacionais, e até pelo mundo subaquático, é vez de podermos ver o mundo sobre os trilhos das linhas de comboio, e de uma perspectiva privilegiada: a de estarmos na frente do comboio e podermos olhar para todo o lado sem estarmos limitados pela visão lateral das janelas.
... E nem é preciso pagar bilhete! :)
A CP decidiu imortalizar as nossas linhas férreas, e em parceria com o Google colocou um sistema de captura 360º na frente dos seus comboios, com a qual registou imagens que agora permitem recriar viagens virtuais nas seguintes linhas:
Depois de nos permitir passear por grande parte das estradas do mundo, por museus, parques nacionais, e até pelo mundo subaquático, é vez de podermos ver o mundo sobre os trilhos das linhas de comboio, e de uma perspectiva privilegiada: a de estarmos na frente do comboio e podermos olhar para todo o lado sem estarmos limitados pela visão lateral das janelas.
... E nem é preciso pagar bilhete! :)
TimeLapse é uma técnica cinematográfica. Mas é muito mais do que isso. TimeLapse é um conceito, uma reflexão, uma forma de percepcionar o mundo, de relativizarmos a nossa própria cadência. É uma emersão dos sentidos da turbulência do quotidiano, do aprisionamento físico do corpo, uma reinterpretação da existência. É ver o mundo através dos olhos de Deus.
Ler o artigo completo
© Andy Skillen / National Geographic Photo Contest
© Katie Sheppard / National Geographic Photo Contest
© Kei Nomiyama / National Geographic Photo Contest
© Simon Smith / National Geographic Photo Contest
© Kamil Nureev / National Geographic Photo Contest
© Ian Duncan / National Geographic Photo Contest
© Warren Keelan / National Geographic Photo Contest
© Elchin Jabbarov / National Geographic Photo Contest
Daniele Boffelli / National Geographic Photo Contest
© Aleksandr Osipov / National Geographic Photo Contest
NatGeo Photo Contest Part II
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Às
vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que
as cousas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto
a mim-próprio devagar
Porque sequer
atribuo eu
Beleza às
cousas.
Uma flor
acaso tem beleza?
Tem beleza
acaso um fruto?
Não:
têm cor e forma
E existência
apenas.
A beleza
é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu
dou às cousas em troca do agrado que me dão.
Não significa
nada.
Então porque
digo eu das cousas: são belas?
Sim,
mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis,
vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante
as cousas,
Perante
as cousas que simplesmente existem.
Que difícil
ser próprio e não ver senão o visível?
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
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