"
Os inocentes são por assim dizer as musas dos criminosos. Mas há poucos
inocentes, não conheço nenhum, e não se busque sobretudo entre
crianças: as crianças são monstruosas, eu sei, fui criança muito tempo, e
o meu talento era monstruoso, o talento visívelmente simples de
respirar, mexer-se, propor uma palavra, uma frase, interpretar as coisas
segundo a lei inspirada. A inocência é a tarefa de uma vida e essa vida
deve ser então redonda, completa. Não sei de vidas completas. ..."
Herberto Helder (23/11/30 - 23/3/2015), in Telhados de Vidro (nº 4 - Maio 2005).
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