A noite. A chuva. Um céu pálido, esfarrapando-se
Em flechas e em torres pla silhueta branda
Da gótica cidade em cinzento esfumada.
A planície. Um patíbulo cheio de enforcados
Mirrados, sacudidos plo bico das gralhas,
E bailando no ar negro danças sem igual,
Enquanto os seus pés servem de alimento aos lobos.
Dispersos espinheiros, azevinhos, moitas,
Espalhando a atroz folhagem plo fuliginoso
E emaranhado fundo de um confuso esboço.
E em redor de três lívidos prisioneiros
Descalços, um conjunto de partazaneiros
A marchar, e os seus ferros, como os de uma grade,
Reflectem ao contrário as lanças da chuvada.
Paul Verlaine (1844-1896)
Poemas Saturnianos e Outros
(tradução, prefácio, cronologia e notas de Fernando Pinto do Amaral)
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