Na realidade existe no poeta uma espécie de energia espiritual de natureza própria: manifesta-se nele e revela-se-lhe em certos momentos de importância infinita. Infinita para ele...
E eu digo: infinita para ele, porque a experiência, no fundo, ensina-nos que esses instantes que nos parecem de valor universal são, muitas vezes, sem futuro, e fazem-nos meditar nesta máxima: o que vale para um único não vale nada. É a lei aérea da Literatura.
Mas todo o verdadeiro poeta é necessariamente um crítico de primeira ordem. (...) O espírito é terrivelmente volúvel, enganador e enganado, fértil em problemas insolúveis e soluções ilusórias. Como é que uma obra notável poderá sair deste caos, se este caos que contém tudo aquilo que continha também aquelas oportunidades de se conhecer a si mesmo e de escolher o que pode e deve ser retirado desse pequeno instante e ser cuidadosamente utilizado?
Paul Valéry, in Variété V (pgs. 156/7).
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