Portugal
era um pequeno reino periférico e o rei tivera de lutar duramente para
manter a independência relativamente a Castela, cujo rei não escondia o
desejo de acabar de vez com o que D. Afonso Henriques começara havia
quase três séculos.
Garantida a independência e fundada a
segunda dinastia, D. João I viu-se à frente de um reino cheio de jovens
fidalgos desejosos de pelear, mas onde já não haviam terras para
conquistar aos mouros e em que a paz com Castela era para se manter a
todo o custo. O rei precisava de uma nova Aljubarrota, uma gloriosa
batalha que permitisse aos seus filhos serem armados cavaleiros e um
escape para a nobreza que fazia da guerra a sua carreira. O reino também
precisava de mostrar à Europa a sua força e a luta contra os muçulmanos
iria seguramente agradar ao Papa, que tinha um papel decisivo na
diplomacia da época e para quem a luta contra o Islão era a maior das
prioridades. Analisados os vários cenários, restavam duas opções: o
Reino de Granada (último reduto muçulmano na Península) ou Ceuta, que
permitiria controlar o Estreito de Gibraltar e, em teoria, aceder ao
comércio do Norte de África e às riquezas que as caravanas transportavam
pelos desertos.
A mobilização da armada
A decisão
sobre o alvo a atacar e a estratégia a seguir não terão sido fáceis de
tomar, e mantiveram-se secretas até ao último momento. Mas por todo o
reino começaram a ser feitos os preparativos da mais ambiciosa expedição
até então idealizada e do Minho ao Algarve começou a ser preparada a
armada e a força terrestre. A nobreza empolgou-se com as possibilidades
de saque e honrarias que poderia conquistar numa nova guerra, sendo
também uma oportunidade para os jovens fidalgos que por serem demasiado
novos não tiveram oportunidade de participar na guerra contra Castela.
Tanta atividade não podia passar despercebida aos espiões de Castela,
não tardando muito tempo para que a inquietação chegasse às várias
cortes peninsulares. Vários emissários foram enviados a Portugal para
esclarecer a razão de tamanha mobilização de homens e armas, e se aos
emissários de Castela e de Aragão foi dada a garantia de que nada deviam
temer, já ao de Yusuf III — o rei de Granada — foram dadas respostas
evasivas que em nada tranquilizaram o monarca e mantiveram a
possibilidade de o seu reino ser o objetivo final, o que ajudava a
camuflar o verdadeiro alvo: Ceuta.
Os meses foram passando e aos
poucos os portos do reino foram-se enchendo com os barcos que formavam
as frotas, até que na Primavera de 1415 chegou a ordem para reunir a
armada em Lisboa e dezenas de galés, galeotas, naus e fustas foram
chegando carregadas de homens de todo o país. A empresa também contaria
com muitos estrangeiros, e de Inglaterra vieram várias centenas de
lanceiros com a autorização do rei D. Henrique V, além de alemães,
flamengos e navarros, que chegaram em dezenas de naus e barcas desejosos
de participar no saque, apesar de não saberem ao certo contra quem
iriam lutar.
Durante os últimos preparativos, o porto de Lisboa
tornou-se um imenso estaleiro onde tudo era encaminhado para as dezenas
de navios ancorados no rio Tejo. Os calafates e os mesteirais terminavam
os últimos trabalhos nos cascos e os carpinteiros ajustavam os trons e
as bombardas. Os cordoeiros reforçavam os guindastes e os cabos,
enquanto os ferreiros fundiam os utensílios e armas que faltavam.
Durante todo o dia não paravam de chegar carroças carregadas de
biscoitos, queijo e de muitos barris que os tanoeiros produziam para
transportar água, vinho e azeite. Os pescadores salgavam a sua pescaria e
os talhantes preparavam tonéis carregados de carne de carneiro e de
vaca, além de grandes quantidades de toucinho. Pelas ruas e lojas de
Lisboa deambulavam os fidalgos em busca de alfaiates para compor as
indumentárias ou preparar os estandartes e na capital não tardou muito
para começar a faltar de tudo um pouco.
D. João tinha em mãos
uma tarefa complicada, o seu reino não era rico e para financiar uma
empresa desta escala tornou-se necessário tomar medidas duras. Aos
senhores que não participassem na expedição ficou a obrigação de pagar
um marco de prata, ao clero coube pagar 50 marcos pelos bispos e 100
pelos arcebispos. O povo teve de suportar a cunhagem de moeda nova e os
homens comuns que não participassem teriam de ceder as suas armas e
bestas a título de empréstimo, aos judeus e mouros estavam reservadas
pesadas cobranças de prata e muito material pedido ficou pendente de
pagamento. A 19 de julho morreu a rainha D. Filipa de Lencastre, vítima
da peste, tendo o seu desaparecimento sido um rude golpe para D. João I e
para os infantes. Mas os preparativos estavam já adiantados e uma
semana mais tarde a enorme armada de cerca de 200 navios e 18.000 a
20.000 homens estava pronta para partir.
Uma viagem conturbada
Após
a longa preparação, no dia 25 de julho a armada zarpou de Lisboa e
quando já navegava ao largo do Algarve foi dada ordem para fundear na
Baía de Lagos. D. João aproveitou a uma última paragem em Portugal para
desembarcar, reunir o seu conselho e anunciar o objetivo da expedição.
Para comunicar o alvo escolheu Frei João Xira, que, além de seu
confessor e conselheiro, era também um bom pregador, qualidade perfeita
para a ocasião.
Depois de narrar o episódio de Moisés a guiar o
seu povo, Frei João citou Macabeus para anunciar que Ceuta era o
objetivo da expedição e que iriam lutar para trazer a fé de Cristo às
terras mouras, com o beneplácito papal que emitira uma bula a declarar a
cruzada contra o Islão sob a liderança do rei português. Terminada a
prece voltaram a embarcar e em pouco tempo já a armada se encontrava
junto ao Estreito de Gibraltar, onde tiveram de aguardar pelos ventos
mais propícios para entrar no Mediterrâneo. No dia 7 terminou a espera e
pela noite foi feita a travessia, que apesar da extensa formação de
barcos correu bem, tendo-se registado um único incidente com o Infante
D. Henrique, que ao ver uma lanterna incendiar-se agiu sem pensar e
queimou as mãos para resolver o problema, o que exigiu uma rápida cura à
base de mel. Transposto o Estreito a armada acabou por passar ao largo
de Tarifa e afastar-se da costa africana, chegando no dia 10 a
Algeciras, onde ancorou.
Epopeia. Painel de Domingos Rebelo, no Salão Nobre da Assembleia da República
Alberto Frias
Era
agora claro que o dia da grande batalha estava próximo, mas para os
potenciais adversários continuava a ser uma incógnita o destino final
daqueles homens. Em Granada aumentava o pânico de ver aqueles navios
navegarem junto à costa da Península numa rota que parecia destinada a
acabar no seu reino, mas no dia 12 começou o trajeto final da viagem e o
rumo afastou-se de Granada para chegar ao largo de Ceuta dois dias mais
tarde. Face à imensidão de navios, a complexa manobra acabou por correr
mal e vários navios tardaram em aparecer no local combinado, o que
levou D. João a procurar refúgio na baía de Barbaçote enquanto o Infante
D. Henrique ficou incumbido de se dirigir a Málaga e encaminhar os
navios retardatários.
O efeito surpresa ficou irremediavelmente
perdido com o atraso sofrido e em Ceuta começaram a ser instaladas
bestas e trons nas muralhas da cidade, havendo ainda a somar os estragos
que a armada sofreu após levantar ferro de Barbaçote e passar o cabo da
Ponta da Almina, onde várias naus chocaram entre si e gerou-se alguma
confusão. Ao fim de vários dias foi finalmente possível juntar a armada,
mas a demora e o seu afastamento criou em Ceuta a esperança de que
talvez os portugueses não fossem tentar a sua conquista, o que se
revelaria uma ilusão trágica prestes a ser contrariada pelos
acontecimentos.
A impetuosidade dos Infantes
Durante a
noite de 20 para 21, a frota prosseguiu rumo da Ponta do Carneiro até
Ceuta e os portugueses puderam contemplar como Ceuta se iluminava à luz
de uma imensidão de candeias. Os mouros tentavam passar a ideia de que
eram muitos e estavam preparados para se defenderem, mas para os
portugueses já era demasiado tarde para voltar costas ao seu
empreendimento.
Ao clarear o dia, a azáfama tomou conta dos
navios portugueses e os homens prepararam-se para a sua missão. De Ceuta
tudo isto era observado com temor, a ligeira infantaria moura não
possuía as mesmas proteções e estava em desvantagem contra os
portugueses e as suas armaduras. As muralhas eram uma vantagem, mas as
obras de fortificação ainda não estavam terminadas e o pedido de ajuda
que o alcaide Salah Ben Salah enviara ao rei de Fez ainda não obtivera
resultados.
A bordo da armada continuavam os preparativos e após
tomarem o pequeno-almoço foram muitos os homens que se confessaram pela
última vez. D. João a tudo assistia pacientemente, habituado que estava
a tantas batalhas, mas os jovens guerreiros não partilhavam da sua
calma e ardiam em ansiedade de desembarcar e começar a pelear com os
muçulmanos, que de terra lançavam constantes provocações e também
desejavam lançar-se na batalha assim que o primeiro português pisasse o
Norte de África.
Muitos homens já estavam a bordo dos batéis e
foi num ímpeto que João Fogaça — vedor do conde D. Afonso de Barcelos —
tomou a iniciativa e avançou com o seu batel até tocar terra. D.
Henrique percebeu que já era demasiado tarde para esperar pela ordem do
rei e mandou as trombetas soarem a ordem de ataque para a sua força,
sendo seguido por D. Duarte que não quis perder a oportunidade de estar
na dianteira dos combates. No meio da confusão foram muitos os que
ficaram a aguardar a ordem real, mas na praia já se combatia com dureza
e, em pouco tempo, as dezenas de impetuosos guerreiros tornaram-se uma
multidão de centenas de homens a abrirem caminho entre os defensores,
que incapazes de conter os portugueses tiveram de ceder e retirar-se
para a Porta da Almina, que dava acesso ao interior da cidade a partir
do porto.
Na cabeça dos infantes havia um objetivo claro, tomar a
Porta antes que a encerrassem e assim garantir o acesso à cidade e
evitar um longo assédio. Das muralhas já choviam as pedras e um enorme
guerreiro inimigo arremessava-as sobre os portugueses sem cessar, até
acabar atravessado por uma lança que trespassou o seu corpo
completamente nu e indefeso. A situação era caótica e na retirada os
mouros não foram capazes de encerrar a tempo os portões, acabando os
portugueses por entrar dentro de uma cidade feita de ruas estreitas e
praças cheias de comércio para desespero tanto dos defensores como dos
habitantes.
Enquanto os infantes lideravam o assalto, os batéis
com o restante exército foram chegando e não tardou muito para que
atacassem à força de machados os portões que entretanto se encerraram
noutros pontos das muralhas, mas no Bairro da Almina a situação já era
crítica e com os reforços recém-chegados tornou-se claro que não seria
possível desalojar os portugueses daquela posição.
O momento decisivo
A
luta já alastrara de Almina aos bairros adjacentes e naquelas ruas os
‘homens de pé’ eram mais ágeis do que os cavaleiros e os ‘homens de
armas’ com as suas pesadas armaduras. Mas naqueles momentos iniciais
ainda reinava alguma confusão e tornou-se prioritário organizar as
tropas, pelo que os infantes D. Duarte e D. Henrique decidiram
constituir três grupos que iriam avançar em paralelo e aniquilar toda a
oposição que encontrassem pelo caminho. Pôs-se então em marcha o plano e
os três grupos foram avançando contra uma resistência cada vez mais
desesperada, ocupando pelo caminho os pontos mais altos e abatendo
inúmeros inimigos. Mais atrás seguiam os homens do rei e do infante D.
Pedro, que não tendo o mesmo ímpeto dos seus irmãos acabou por ficar
para trás e foi-se dedicando a combater outros sectores da cidade, tal
como o Condestável, Nuno Álvares Pereira, e muitos outros nobres. Com o
passar do tempo, o saque foi-se generalizando por toda a cidade e o
avanço perdendo ímpeto, sendo nesse momento que quase se deu uma
tragédia. O infante D. Henrique continuou a avançar até ser rodeado por
uma multidão de mouros e encurralado com os seus homens contra uma
porta. A custo conseguiu desembaraçar-se do perigo e o combate continuou
com uma renovada sede de vingança, mas em breve chegavam novas de D.
Duarte que lhe pedia que viesse ter com ele à mesquita onde se
encontrava para planearem o assalto ao castelo e assim coroar a vitória
com um grande feito de armas.
O dia já ia longo e a noite
aproximava-se, os homens estavam extenuados e a missão adivinhava-se
difícil, pelo que D. Duarte e os seus dois irmãos acabaram por adiar o
assalto para o dia seguinte. D. João instalou-se noutra mesquita e aos
poucos iam chegando os nobres com as histórias daquele combate, tendo
oportunidade de ouvir os muitos atos de bravura praticados pelos
infantes. Orgulhoso pelo que ouvia, mandou chamar os filhos e ao ver
entrar D. Henrique quis logo ali armá-lo cavaleiro, só adiando a
investidura a seu pedido, de modo a que os três irmãos cumprissem o
sonho de serem investidos ao mesmo tempo. Era agora noite e os combates
abrandavam de intensidade, mas o castelo exigia cautela e foi montada
uma vigia para controlar todos os movimentos no seu interior, e foi
assim que se percebeu que o castelo estava vazio: o alcaide Salah Ben
Salah tinha fugido num ginete e abandonado os seus homens ao perceber
que a derrota era certa. O rei mandou então João Vaz de Almada ao
castelo para confirmar as suspeitas e hastear a bandeira de São Vicente
na torre mais alta. Chegado às portas, que ainda estavam fechadas, o
fidalgo conversou com um biscainho e um genovês que se encontravam do
outro lado e se prontificaram a abrir as portas, informando-o também que
os mouros tinham abandonado a alcáçova. O português entregou-lhes a
bandeira e ordenou que a arvorassem no ponto mais alto, entrando de
seguida o infante D. Duarte e D. Pedro, assim como muitos fidalgos que
se entregaram ao saque de todo o ouro e prata que ali encontraram.
A
vitória era agora completa, mas ainda haviam redutos de resistência na
cidade. Quando o conde Pedro de Meneses se dirigiu à Torre de Fez (onde
se encontrava a porta da Al-Mansura) para hastear a bandeira do infante
D. Duarte, um grupo de mouros resistiu vivamente. Uma a uma todas as
portas foram sendo tomadas e chacinados os últimos resistentes, mas
nestes combates ainda tombaria o alferes de D. Henrique de Noronha e só
pelas sete e meia da noite ficou terminada a batalha. Ceuta era agora
portuguesa, o primeiro bastião além-fronteiras.
O fim de uma batalha, o início de um império
O
dia 22 clareou sobre uma Ceuta onde pairava um intenso cheiro a
especiarias. Durante os combates do dia anterior, foram muitos os sacos
de canela e pimenta que acabaram por ser esquartejados na ânsia do
combate, e agora eram muitos os portugueses que apanhavam do chão as
especiarias que eram vendidas na Europa ao preço do ouro.
Entre
os milhares que deambulavam pelas ruas em busca de saque era grande o
espanto pela riqueza daquela cidade, os pobres carregavam o pouco que
poderiam transportar nos barcos e os fidalgos avaliavam os seus
prisioneiros valiosos tentando calcular quanto poderiam obter de
resgate. D. João estava satisfeito, a vitória sorrira-lhe em apenas um
dia de combate e a cidade estava repleta de mantimentos: manteiga, mel,
vinho e azeite, e toda a espécie de mercadorias que passavam por Ceuta a
caminho de Gibraltar e Granada, assim como das especiarias, joias e
sedas de que se fazia o comércio dos mercadores do deserto e das cidades
italianas. A cidade também estava bem abastecida de corpos, inúmeros
mouros que no estertor da morte ficaram em todas as posições possíveis e
imaginárias. Milhares de mortos que ameaçavam a cidade com a
pestilência e que o rei decidiu lançar ao mar para evitar males maiores.
Nos dias seguintes travaram-se várias escaramuças com as
pequenas forças mouras que iam surgindo, mas para D. João o importante
era reforçar as defesas da cidade e preparar o retorno a Portugal, de
modo a que os seus homens chegassem a tempo de participar nas vindimas.
Entre os primeiros atos contou-se uma missa na maior mesquita da cidade
que contou com um Te Deum e um ‘coro’ de 200 trombetas a completar a
cerimónia que os infantes há muito aguardavam. Perante a fidalguia, e no
campo de batalha, o pai convocou-os à sua presença e os três avançaram
com as suas cotas de armas postas e as espadas decoradas. Ao
ajoelharem-se perante o rei, sacaram das espadas que beijaram e
depositaram nas suas mãos, como manda o ritual, sendo de seguida por
este investidos cavaleiros de pleno direito.
Após duas semanas, o
velho rei despediu-se de Ceuta prometendo voltar em março do ano
seguinte, mas quis o destino que não cumprisse a promessa. Ao reembarcar
no dia 2 de setembro, D. João despediu-se dos seus homens e olhou uma
última vez para a praça, rumando de volta a Portugal. Para trás deixou
D. Pedro de Meneses a chefiar uma guarnição que teria entre 2500 a 3000
homens e mantimentos para se aguentarem durante os primeiros tempos, mas
a partida da frota não passou despercebida aos mouros que nos dias
seguintes lançaram vários ataques contra a praça perdida. D. Pedro de
Meneses revelou-se um astuto homem de armas e os seus homens utilizaram
habilmente as suas muralhas para impor contínuas derrotas à infantaria
ligeira norte-africana.
A segurança da praça acabou por ser
garantida à força de armas e com vários sucessos militares, mas isso não
significou que a sua manutenção tenha sido fácil. Servir na distante
Ceuta não era cativante para uma nobreza que encontrava pouco lucro na
vida de guarnição, e apenas os jovens fidalgos em procura de aventura e
fama consideravam a passagem pela praça africana como um marco
importante para a sua carreira de armas. Mesmo estes só desejavam uma
curta estada naquelas paragens e um rápido retorno ao conforto das
terras dos seus pais, ou a novas aventuras noutras paragens, pelo que
manter uma guarnição permanente tornou-se uma dor de cabeça para o rei e
os seus descendentes. Mas o mote para a expansão estava dado e nos anos
seguintes foram sendo planeadas outras expedições que dariam novas
glórias e as primeiras tragédias, além das descobertas que haveriam de
mostrar os caminhos marítimos que ajudariam a ligar o mundo entre si e a
tornar Portugal o primeiro império global.
Sem comentários:
Enviar um comentário