dobra o ouvido
à verdade do desejo.
Se ao que almejo me perfilho,
alenta-me ver que escapo
na medida mesma
em que me existo.
E se a vida ainda te afigura lenta,
à espuma só e ao pó atenta.
Se se aguça o teu sentir,
escapa logo ao que te exijo –
longa é a demora
de ouvir os pais.
Dobra-te, filho,
à verdade do desejo:
trai-me com um beijo
e deixa que eu morra em paz.
§
§
sobre o autor
William Zeytounlian é um poeta brasileiro, nascido em São Paulo em 1988. Estreou com o volume Diáspora (São Paulo: Selo Demônio Negro, 2015).
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