domingo, 18 de setembro de 2016

dois poemas

Sociedade de consumo


Caminhamos de mão dada pelo supermercado
por entre filas de cereais e detergentes

Avançamos de gôndola em gôndola
até chegar às latas de conserva

Examinamos os novos artigos
anunciados já na televisão

De súbito olhámo-nos nos olhos
e desaparecemos um no outro

e nos consumimos.

...
...
Televidente

Aqui estou, mais uma vez, de volta
ao meu quarto na cidade de Iowa

Pouco a pouco vou sorvendo a sopa
Campbell, frente ao televisor apagado

O ecrã reflecte-me a imagem
da colher a entrar-me na boca

E sou o reclamo comercial de mim
mesmo, que anuncia nada a ninguém.


Oscar Hahn (Chile, 1938)

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