sexta-feira, 9 de setembro de 2016

[Que nome te darei, austera imagem,]

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Que nome te darei, austera imagem,
Que avisto já num angulo da estrada,
Quando me desmaiava a alma prostrada
Do cansaço e do tédio da viagem?
Em teus olhos vê a turba uma voragem,
Cobre o rosto e recua apavorada…
Mas eu confio em ti, sombra velada,
E cuido perceber tua linguagem…
Mais claros vejo, a cada passo, escritos,
Filha da noite, os lemas do Ideal,
Nos teus olhos profundos sempre fitos…
Dormirei no teu seio inalterável,
Na comunhão da paz universal,
Morte libertadora e inviolável.
Antero de Quental.

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