As dores do mundo não as sofre o mundo.
Embora os matem, torturem, entristeçam,
embora lhes violem quem mais querido,
embora percam tudo o que nem tinham,
os homens sofrem porque sofrer dói menos.
Mas no centro do universo,
do coração que a humanidade ainda não tem,
do âmago das dores que ainda não sente,
da terra a passar toda pela carne,
da carne apenas vida sobre a terra,
uns poucos homens não sofrem nem contemplam:
ardem nas chamas que aos outros faltam.
jorge de sena
perseguição (1942)
trinta anos de poesia
editorial inova
1972
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