domingo, 15 de novembro de 2015

O Grande Vazio


© Maroesjka Lavigne
“Já pedi boleia sozinha, na China, fui tatuada por um monge e fiz mergulho em alguns dos lugares mais belos do mundo. Escolho sempre os transportes públicos e já passei 14 horas num ferry onde era o único estrangeiro. Os locais vieram ter comigo tirar fotografias e, apesar de não conseguirmos comunicar, tentaram dar-me bananas”, explicou.

Através do blog Me My Travel Muse


La Vengeance, René Magritte

© Jose Luis Barcia Fernandez


© Jose Luis Barcia Fernandez


© Jose Luis Barcia Fernandez


© Jose Luis Barcia Fernandez


© Jose Luis Barcia Fernandez


© Jose Luis Barcia Fernandez


© Jose Luis Barcia Fernandez


© Jose Luis Barcia Fernandez


Shadowlands, Jose Luis Barcia Fernandez
É um exemplo simples, objectivo e indesmentível. Que ajuda a desmontar ou desmistificar a sacralidade dogmática instrumental da Economia, na sociedade dos nossos dias. E é referido pelo economista e sociólogo francês Bernard Friot (1946), desta forma linear: uma baby-sitter vem tomar conta do bebé de uma família, recebendo, em troca, um pagamento por esse serviço - uma transação, para todos os efeitos, que é acrescentada ao PIB; se for o avô ou avó a encarregarem-se dessa tarefa, gratuitamente, não há valor acrescentado, nem registado pela contabilidade nacional. Ora, o valor social do acto é o mesmo.

in Arpose (blog)
“The soul, fortunately, has an interpreter - often an unconscious but still a faithful interpreter - in the eye.” 

 ―    Charlotte Brontë, 
Jane Eyre 
Te propongo esta noche
llegar a un acuerdo,
un diálogo entre mi cuerpo y tu cuerpo
una conversación sin palabras,
un silencio de proyectos,
que tus dedos interpreten
el lenguaje de mis dedos.
Te propongo, simplemente,
alargar la caricia,
no planear la llegada a la cima
sino navegar con el remo de mis brazos
no utilizar para nada el salvavidas
ni que el tiempo detenga la mirada
dirigida a los botones de tu camisa.
Te propongo un pacto de susurros,
una tertulia de gemidos,
un monólogo de gritos,
que todo lo que no dijimos
en la piel permanezca escrito.
Te propongo una noche interminable,
lenta, muy lenta, tan lenta
que cuando nos interrogue la mañana
no sepamos quiénes somos
ni hacia dónde vamos,
como si aprendiéramos de nuevo a leer
igual que dos niños pequeños,
como si aprendiéramos de nuevo a escribir
sobre el pálido folio de nuestro cuerpo.
Te propongo una lectura corpórea
desde el prólogo de tus ojos
hasta el epílogo de mi boca.
 
Gloria Bosch


Os Barcos são a imagem que resta para fugir
mas só as palavras nos embriagam
são labareda que devora os barcos e a memória
onde nos movíamos
esquecemos o que nos ensinaram
e se por acaso abríssemos os olhos
um para o outro
encontraríamos outra imobilidade outro abismo
outro corpo hirto
latejando na imperceptível ferida nocturna

pernoito na precária vida do fogo
este rumor de mãos ao de leve pelo corpo
adormecido na superfície do espelho
assalta-me o desejo incerto de te acordar
e o medo de querer de novo tudo reinventar

(Al Berto - Vigílias)
No, el otoño no es triste. En sus días el cielo se muestra suave y vario, amable y versátil; el sol amarillo dora las rojizas copas de los árboles, y las hojas secas crujen bajo los pies alegremente "

             Pío Baroja ( 1872-1956 )
" No sabes como te siento

        ahora que me has dejado.

        Me pasa siempre cuando

        me dejas. Más honda

        te quedas cuando te vas.

        No tienes lejanía posible.

        El amor que eres no sabe irse,

        queda siempre cuando se va,

        quedándose
"


         José Antonio Muñoz Rojas ( 1909-2009 )

"Diz NÃO à liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer. Porque a liberdade que é tua não passa pelo decreto arbitrário dos outros.
Diz NÃO à ordem das ruas, se ela é só a ordem do terror. Porque ela tem de nascer de ti, da paz da tua consciência, e não há ordem mais perfeita do que a ordem dos cemitérios.
Diz NÃO à cultura com que queiram promover-te, se a cultura for apenas um prolongamento da polícia. Porque a cultura não tem que ver com a ordem policial mas com a inteira liberdade de ti, não é um modo de se descer mas de se subir, não é um luxo de «elitismo», mas um modo de seres humano em toda a tua plenitude.
Diz NÃO até ao pão com que pretendem alimentar-te, se tiveres de pagá-lo com a renúncia de ti mesmo. Porque não há uma só forma de to negarem negando-to, mas infligindo-te como preço a tua humilhação.
Diz NÃO à justiça com que queiram redimir-te, se ela é apenas um modo de se redimir o redentor. Porque ela não passa nunca por um código, antes de passar pela certeza do que tu sabes ser justo.
Diz NÃO à verdade que te pregam, se ela é a mentira com que te ilude o pregador. Porque a verdade tem a face do Sol e não há noite nenhuma que prevaleça enfim contra ela.
Diz NÃO à unidade que te impõem, se ela é apenas essa imposição. Porque a unidade é apenas a necessidade irreprimível de nos reconhecermos irmãos.
Diz NÃO a todo o partido que te queiram pregar, se ele é apenas a promoção de uma ordem de rebanho. Porque sermos todos irmãos não é ordenanmo-nos em gado sob o comando de um pastor.
Diz NÃO ao ódio e à violência com que te queiram legitimar uma luta fratricida. Porque a justiça há-de nascer de uma consciência iluminada para a verdade e o amor, e o que se semeia no ódio é ódio até ao fim e só dá frutos de sangue.
Diz NÃO mesmo à igualdade, se ela é apenas um modo de te nivelarem pelo mais baixo e não pelo mais alto que existe também em ti. Porque ser igual na miséria e em toda a espécie de degradação não é ser promovido a homem mas despromovido a animal.
E é do NÃO ao que te limita e degrada que tu hás-de construir o SIM da tua dignidade".

Vergílio Ferreira, "Conta-Corrente I"

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

“I think… if it is true that
there are as many minds as there
are heads, then there are as many
kinds of love as there are hearts.” 

  ―    Leo Tolstoy,   Anna Karenina
" Unas miradas
        que se encuentran
        en un café desierto,

        un lunar
        en tu cuello
        que es capaz
        de volverme loco,

        y 20 segundos

        para encender un pitillo
        dar un trago al vino banco
        y ver cómo llega un tipo
        que te besa
        con la mitad de ganas
        que lo hubiera hecho yo "

            Pablo Casares.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

“I believe in the flesh and the appetites;
Seeing, hearing, feeling, are miracles, and each part and tag of me is a miracle.
Divine am I inside and out, and I make holy whatever I touch or am touch’d from;
The scent of these arm-pits, aroma finer than prayer;
This head more than churches, bibles, and all the creeds.” 

  ―    Walt Whitman, Leaves of Grass         

domingo, 1 de novembro de 2015

“The chief enemy of creativity is good sense.” - Pablo Picasso


Romance de la Constancia

Os meus arreios são armas, meu descanso pelejar,
minha cama as duras pedras, o meu dormir é velar.
As guaridas são escuras, os caminhos por usar,
o céu com suas mudanças, houve por bem me danar,
andando de serra em serra, pelos areais do mar
para ver se a minha sorte se podia assim mudar.
Mas por vós, minha senhora, tudo se há-de conformar.

Às vezes, ponho-me a pensar se os homens e as mulheres foram feitos uns para os outros. Talvez que eles devessem apenas viver como vizinhos e se visitassem, de vez em quando.

Katherine Hepburn (1907-2003), in People Weekly (11/10/1976).

"Durmo. Se sonho, ao despertar não sei
Que coisas eu sonhei.
Durmo. Se durmo sem sonhar, desperto
Para um espaço aberto
Que não conheço, pois que despertei
Para o que inda não sei.
Melhor é nem sonhar nem não sonhar
E nunca despertar."


 
Fernando Pessoa