quinta-feira, 23 de março de 2017

José Luis Sampedro (Barcelona, 1917 - 2013, Madrid)

Triunfo


Assim quero o meu prémio e a vitória:
Que uma tarde, quando me fores ler,
precises de procurar por entre as folhas
uma rosa esquecida que já não existe.
E por não a encontrares, silenciosamente,
te dirijas angustiada para a cidade
e pela vez primeira consigas ver
que o aço e os homens também podem ser cinza.
Que a rua é um rio de palavras secas.
Que sempre que olhamos o mundo de frente
assistimos ao fim de alguma coisa.
E, apesar de tudo,
muito lá no fundo e inexplicavelmente,
é belo conseguir ser homem até que a morte chegue.

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