sábado, 15 de outubro de 2016

[I love to be here.]

1.
I love to be here. Impossível
escrever português. Ó ky master, Master
of war. A espessura do asfalto, dos vidros.
Café com leite milk no wisky. Good-bye Susan
till after Vietnam. Angola. I love you.
O petróleo.

2.
Ó God, save Lajes Field. Acordei
o ar condicionado arejava-me por dentro.
O brilho das bolas de bilhar, a limpeza
extrema do clube de sargentos. Escrevo
voltado para o norte, onde fica o mar, o limite
da terra. Outrora o trigo. As vacas e as casas baixas,
brancas, além. O novo mundo há-de dar cabo
de tudo isto. Let me see. Folk. Ó subdesenvolvimento,
ó miséria, enjoy, enjoy, yourself.
A relva do campo de golfe relva bem tratada,
relva clara. Iluminada. Como chocolates,
let me try the slot. No. no. machine guns never.
I´ll give you peace and chewing-gum. Believe.
Rebentaram com o bairro da lata? Santa Rita,
serra de Santiago, ó when the saints.

3.
O que me dóinos olhos é a noite passada
em claro. Alguma coisa tentando safar
dos bidões do lixo. Da polícia tentando
também safar-me. Estou atento a Mrs. Glen
espero tudo do seu programa people to people.
Abençoada América que tantos favores nos
Azes. Meu tio Lopes passou 18 meses na prisão
Por ter roubado uma peça de paraquedas
Julgando tratar-se duma gabardina? Importante.
O self-service funciona. Refeições económicas. Coca-e-
– cola. I love to be here. Justice.
In God we trust.
O chão molhado. Cruzam-me a pele e os ossos
Motores potentíssimos. Devagar e a boots
saio da base. Fuck you, Joe!  



j. h. santos barros
os alicates do tempo
afrontamento
1979

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