domingo, 9 de outubro de 2016

[Uma formiga, com esforço,]

Uma formiga, com esforço,
leva consigo uma folha.
                    A folha é enorme,
várias vezes o seu próprio tamanho.
Trata-se porém de um dever inevitável,
uma pura obediência atávica.
                   Na sua retaguarda
idênticas formigas vão fazendo o mesmo
com diversas folhas. Amanhã vão repetir
um ritual cuja razão totalmente ignoro.

Em breve, vou completar cinquenta anos.
Penso na formiga,
na sua cega dança até à morte.

Eduardo Chirinos (Peru, 1960-2016)

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