Há dados muito desanimadores em Portugal. Não gosto de viver num país com a quarta maior taxa de abandono escolar da União Europeia. Não gosto que Portugal seja um dos países em que se trabalha mais horas por semana, mas cuja produtividade está abaixo da média comunitária. Não gosto da diferença de remuneração entre homens e mulheres com idênticas qualificações. Não gosto do peso das desigualdades à partida. Não gosto que Portugal seja um dos países onde a família mais pesa nos resultados escolares. Mas acho que é possível mudar tudo, não de um dia para o outro, porque estas mudanças não se fazem por decreto. As feridas são muito profundas e não se resolvem imediatamente.
Aquilo que mais condena Portugal é o passado. Estamos demasiado presos ao que fomos e não ao que poderemos vir a ser. Os tempos mudaram, as exigências mudaram, tudo é diferente. A falta de atenção que damos ao futuro preocupa-me. Era importante partirmos da realidade e sabermos aonde queremos chegar — qual é a meta. Mas nós valorizamos excessivamente as nossas heranças. O destino é uma carga muito forte.
in (aqui)
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