sexta-feira, 4 de novembro de 2016

...

Mágoas?
Só de alguns amigos
se terem deixado confundir


pelo tempo à pressa
pelo brilho dos ecrãs
pela borboleta na lâmpada
pelos enredos das redes


antissociais



joão habitualmente
poemas físicos
da frente para a retaguarda
na curva interior da estrada
edições apuro
2016

...

Deixais só a bela nuvem
isso que é doce e assustadiço
de claridade desdenhada
isso que queria devolver-vos
à vossa imagem


isso dorme em vós
por vós asfixiado


mário dionísio
poesia completa
le feu qui dort 1967
(o fogo adormecido
versão portuguesa de regina guimarães 2015)
imprensa nacional-casa da moeda
2016

[ Há pequenas aves que têm raízes nas palavras,]

Há pequenas aves que têm raízes nas palavras,
essas palavras que não ficam arrumadas com decência
na literatura,
palavras de amantes sem amor, gente que sofre
e a quem falta o ar quando faltam as palavras.
Quando digo o teu nome há uma ave que levanta voo
como se tivesse nascido o dia e uma brisa
encarcerada nas amêndoas se soltasse para a impelir
para o mais frio, para o mais alto, para o mais azul.
Quando volto para casa o teu nome vai comigo
e ao mesmo tempo espera-me já
numa casa construída com dois nomes,
como se tivesse duas frentes,
uma para a montanha e outra para o mar.
Por vezes dou-te o meu nome e fico com o teu,
espreito então pelas janelas de onde
se vêem coisas que nunca antes tinha visto,
coisas que adivinhava mas que não sabia,
coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar.
Nessas alturas o meu nome é o teu olhar,
e os meus olhos são justamente a pronúncia do
teu nome que se diz com um pequeno brilho molhado,
um som pequeno como um roçagar de asas
dessas aves que constroem o ninho na folhagem da fala
e criam raízes fundas nas palavras vulgares
que os vulgares amantes engrandecem
quando falam de amor.
Joaquim Pessoa in
“GUARDAR O FOGO, cento e quatro inéditos e uma antologia

Paraíso

Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota…
Crepite, em derredor, o mar de Agosto…
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito…

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

David Mourão-Ferreira
Paraíso In “Infinito Pessoal”

A mulher de lã se desfaz

" La mujer de lana se deshace
      mientras la pienso aquí, se deshilvana
      al tiempo que aparece en el ovillo
      del deseo; la sombra de la estatua
      cobra vida con el sol que la deforma;
      lo que era se transforma en lo que es,
      mas perdura un instante en la pupila
      como un lucero de nostalgia y yo,
      yo voy apareciendo al otro lado
      de una página sin márgenes,
      donde una niña de tiza me dibuja
      escribiendo aún este poema "
            Alfonso Brezmes.



"A mulher de lã se desfaz
       enquanto a penso aqui, se desalinhava
       ao tempo que aparece no novelo
       do desejo; a sombra da estátua
       ganha vida com o sol que a deforma;
       o que era se transforma no que é,
       mas perdura um instante na pupila
       como um luzeiro de nostalgia e eu,
       eu vou aparecendo no outro lado
       de uma página sem margens,
       onde uma criança me desenha a giz
       escrevendo incluso este poema "

             Alfonso Brezmes.

How the food you eat affects your brain - Mia Nacamulli

Mas, qual é a realidade? "

*

"O que sabemos sobre a verdadeira natureza e as intenções desta força? O sábio diz que o amor é uma das manifestações da loucura, um ataque de nervos agudo que se supera com o tempo; a literatura de cada época dá uma sentido diferente a esta paixão, a enobrece, a qualifica como a manifestação emocional mais sublime ou a mais depravada do ser humano. Mas,  qual é a realidade? "


              Sandor Marai (1900-1989)

terça-feira, 1 de novembro de 2016

A Piada Infinita – David Foster Wallace


Descrição do livro

Uma comédia colossal, brilhante, sobre a procura da felicidade e todos os males do nosso tempo.
A obra-prima de David Foster Wallace.
Críticas de imprensa
«(David Foster Wallace) Parece habitar um continuo tempo-espaço diferente do nosso. Maldito seja.»
Zadie Smith
«Um dos romances-evento da década, e um marco literário sobre o qual é possível recorrer com alguma confiança ao velho chavão sobre a ficção americana nunca mais ter voltado a ser a mesma: a fasquia para os sucessores (foi) elevada à altura de um arranha-céus.»
Rogério Casanova, in Público.



artigo no Público (aqui)

http://lelivros.me/book/baixar-livro-a-piada-infinita-david-foster-wallace-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-online/

6 Alimentos que Têm o Poder de Aumentar a Testosterona

6 Alimentos que Têm o Poder de Aumentar a Testosterona

Carnes magras

Principais fontes de proteínas, as carnes magras são essenciais na dieta de quem deseja produzir mais testosterona de forma natural. Alcatra, filé mignon, maminha, fraldinha e baby beef são os mais indicados, sempre livres daquela capa de gordura e, de preferência, grelhados. Peito de frango grelhado e peixes, que têm menos calorias que carnes bovinas, também são boas pedidas.
Além do mais, as carnes magras também são fonte de zinco e contam com baixas taxas de gordura saturada, importantes para sintetizar a testosterona em nosso organismo.

Gorduras saudáveis

Sim, certos tipos de gorduras também podem ser saudáveis! Alimentos como nozes, castanhas, azeitonas, amêndoas, azeite extra-virgem ou de oliva, linhaça, abacate e óleos vegetais – coco, canola, soja e girassol – são extremamente ricos neste ingrediente e devem ser consumidos em maior quantidade para aumentar a dosagem do hormônio masculino no organismo.

Frutas

Frutas são benéficas de diversas formas para nosso corpo. Maçã e banana, por exemplo, colaboram com a produção de zinco, elemento fundamental para síntese da testosterona. Já tomate, laranja, maracujá, limão, acerola e morango têm grandes quantidades de vitamina C em sua composição, um importante aliado da produção hormonal.

Verduras e legumes

Abóbora, pimentão, brócolis, repolho e couve são os vegetais mais indicados para incluir em uma dieta que pretende elevar os níveis hormonais masculinos. Esses alimentos contribuem para que as taxas de estrogênio – hormônio feminino – diminuam, evitando o acúmulo de gordura e impedindo que o crescimento muscular seja prejudicado.

Ovos

Assim como as carnes, os ovos são indispensáveis para quem deseja “crescer”. Ricos em proteínas e colesterol bom – ou seja, gorduras saudáveis-, eles também são fontes vitais para uma maior produção da testosterona.

Feijão

Vegetal com grande quantidade de zinco em sua composição, o feijão tem pouca gordura, bastante proteínas e fibras. Esses grãos são excelente para o processo de aumento da produção do hormônio em questão.

Os alimentos que listamos acima são os mais indicados para sua dieta voltada ao aumento da produção de testosterona de forma natural. Note que ela deve ser baseada  também na ingestão de zinco, magnésio, boro e aminoácidos, afinal, são componentes essenciais para a formação da testosterona no organismo.
Mas lembre-se: para obter os resultados desta elevação hormonal, não basta contar apenas com a ingestão de certos itens. É preciso praticar atividades físicas com regularidade, de três a quatro vezes por semana pelo menos, dormir adequadamente e reduzir o estresse provocado pela rotina diária.

in ( aqui )

"...Aquilo que mais condena Portugal é o passado..."



Há dados muito desanimadores em Portugal. Não gosto de viver num país com a quarta maior taxa de abandono escolar da União Europeia. Não gosto que Portugal seja um dos países em que se trabalha mais horas por semana, mas cuja produtividade está abaixo da média comunitária. Não gosto da diferença de remuneração entre homens e mulheres com idênticas qualificações. Não gosto do peso das desigualdades à partida. Não gosto que Portugal seja um dos países onde a família mais pesa nos resultados escolares. Mas acho que é possível mudar tudo, não de um dia para o outro, porque estas mudanças não se fazem por decreto. As feridas são muito profundas e não se resolvem imediatamente.


Aquilo que mais condena Portugal é o passado. Estamos demasiado presos ao que fomos e não ao que poderemos vir a ser. Os tempos mudaram, as exigências mudaram, tudo é diferente. A falta de atenção que damos ao futuro preocupa-me. Era importante partirmos da realidade e sabermos aonde queremos chegar — qual é a meta. Mas nós valorizamos excessivamente as nossas heranças. O destino é uma carga muito forte.


in (aqui)

[ Ansia que ardiente crece,]

" Ansia que ardiente crece,
        vertiginoso vuelo
        tras de algo que nos llama
        con murmurar incierto.

        Sorpresas celestiales,
        dichas que nos asombran,
        así, cuando buscamos lo escondido,
        así comienzan del amor las horas.

        Inaplicable angustia,
        hondo dolor del alma,
        recuerdo que no muere,
        deseo que no acaba,
        vigilia de la noche.
        torpe sueño del día
        es la que queda del placer gustado,
        es el fruto podrido de la vida "

         Rosalía de Castro (1837-1885 )

POEMAS DE ANA PAULA TAVARES

POEMAS DE ANA PAULA TAVARES

Alphabeto

Dactilas-me o corpo
de A a Z
e reconstróis
asas
seda
puro espanto
por debaixo das mãos
enquanto abertas
aparecem, pequenas
as cicatrizes

§

As coisas delicadas tratam-se com cuidado

Desossaste-me
cuidadosamente
inscrevendo-me
no teu universo
como uma ferida
uma prótese perfeita
conduziste todas as minhas veias
para que desaguassem
nas tuas
sem remédio
meio pulmão respira em ti
e outro, que me lembre
mal existe

Hoje levantei-me cedo
pintei de tacula e água fria
o corpo acesso
não bato a manteiga
não ponho o cinto
VOU
para o sul saltar o cercado

§

Rapariga

Cresce comigo o boi com que me vão trocar
Amarraram-me às costas, a tábua Eylekessa

Filha de Tembo
organizo o milho

Trago nas pernas as pulseira pesadas
Dos dias que passaram...

Sou do clã do boi —

Dos meus ancestrais ficou-me a paciência
O sono profundo do deserto,

a falta de limite...

Da mistura do boi e da árvore
a efervescência
o desejo
a intranqüilidade
a proximidade
do mar

Filha de Huco
Com a sua primeira esposa
Uma vaca sagrada,
concedeu-me
o favor das suas tetas úberes       

§


Canto de nascimento

Aceso está o fogo
prontas as mãos

o dia parou a sua lenta marcha
de mergulhar na noite.

As mãos criam na água
uma pele nova

panos brancos
uma panela a ferver
mais a faca de cortar

Uma dor fina
a marcar os intervalos de tempo
vinte cabaças deleite
que o vento trabalha manteiga

a lua pousada na pedra de afiar

Uma mulher oferece à noite
o silêncio aberto
de um grito
sem som nem gesto
apenas o silêncio aberto assim ao grito
solto ao intervalo das lágrimas

As velhas desfiam uma lenta memória
que acende a noite de palavras
depois aquecem as mãos de semear fogueiras

Uma mulher arde
no fogo de uma dor fria
igual a todas as dores
maior que todas as dores.

Esta mulher arde
no meio da noite perdida
colhendo o rio
enquanto as crianças dormem
seus pequenos sonhos de leite.

§


O cercado

De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
feito pelas tuas mãos
e fios do teu cabelo
cortado na lua cheia
guardado do cacimbo
no cesto trançado das coisas da avó

Onde está a panela do provérbio, mãe
a das três pernas
e asa partida
que me deste antes das chuvas grandes
no dia do noivado

De que cor era a minha voz, mãe
quando anunciava a manhã junto à cascata
e descia devagarinho pelos dias

Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe
se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera
p'ra lá do cercado

§

A abóbora menina

Tão gentil de distante, tão macia aos olhos
vacuda, gordinha,
de segredos bem escondidos

estende-se à distância
procurando ser terra
quem sabe possa
acontecer o milagre:
folhinhas verdes
flor amarela
ventre redondo
depois é só esperar
nela deságüem todos os rapazes.

§

A mãe e a irmã

A mãe não trouxe a irmã pela mão
viajou toda a noite sobre os seus próprios passos
toda a noite, esta noite, muitas noites
A mãe vinha sozinha sem o cesto e o peixe fumado
a garrafa de óleo de palma e o vinho fresco das espigas
                                               [vermelhas
A mãe viajou toda a noite esta noite muitas noites
                                               [todas as noites
com os seus pés nus subiu a montanha pelo leste
e só trazia a lua em fase pequena por companhia
e as vozes altas dos mabecos.
A mãe viajou sem as pulseiras e os óleos de proteção
no pano mal amarrado
nas mãos abertas de dor
estava escrito:
meu filho, meu filho único
não toma banho no rio
meu filho único foi sem bois
para as pastagens do céu
que são vastas
mas onde não cresce o capim.
A mãe sentou-se
fez um fogo novo com os paus antigos
preparou uma nova boneca de casamento.
Nem era trabalho dela
mas a mãe não descurou o fogo
enrolou também um fumo comprido para o cachimbo.
As tias do lado do leão choraram duas vezes
e os homens do lado do boi
afiaram as lanças.
A mãe preparou as palavras devagarinho
mas o que saiu da sua boca
não tinha sentido.
A mãe olhou as entranhas com tristeza
espremeu os seios murchos
ficou calada
no meio do dia.

§

Adorno

Toda a noite chorei na casa velha
Provei, da terra, as veias finas,
Um nome um nome a causa das coisas
Eu terra eu árvore eu sinto
todas as veias da terra
em mim e
o doce silêncio da noite.

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Salmo

SALMO




A vida
é o bago de uva
macerado
nos lagares do mundo
e aqui se diz
para proveito dos que vivem
que a dor
é vã
e o vinho
breve.


Carlos de Oliveira



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[ Queria roubar ao céu a luz do dia...]

Queria roubar ao céu a luz do dia
e oferecer-ta agora, enquanto passam
as aves e o vento
arrasta um «rio de nuvens» infelizes
a caminho da noite. A primavera
põe um sorriso em cada verso, quando
floresce no meu sangue o mais divino
arrepio. Estou só,
mas sei que existe algures uma estrela
ainda por nascer.

De silêncio em silêncio
cintilam as imagens que deixaste
a arder sobre os meus olhos, cuja cinza
abraça este crepúsculo e regressa
ao coração. Entre a folhagem
palpita a voz do sol, estremece ainda
a pura melodia do seu fogo
quase em segredo
 – esse primeiro sonho de que é feita
a memória dos deuses no teu rosto.



fernando pinto do amaral
às cegas
relógio de água
1997

[ As chaves Desfazem-se ... ]

As chaves
Desfazem-se quando chegam as ruínas.

O céu quebra as grandes ramagens dos ventos imóveis,
                rói os mosteiros das ervas que sangram.



juan-eduardo cirlot
antologia da poesia espanhola contemporânea
selecção e tradução de josé bento
assírio & alvim
1985

Amar-amaro

Amar-amaro

porque amou por que amou
se sabia
p r o i b i d o p a s s e a r s e n t i m e n t o s
ternos ou desesperados
nesse museu do pardo indiferente
me diga: mas por que
amar sofrer talvez como se morre
de varíola voluntária vágula evidente?

ah PORQUE AMOU
e se queimou
todo por dentro por fora nos cantos ecos
lúgubres de você mesm(o,a)
irm(ã,o) retrato espetáculo por que amou?

se era para
ou era por
como se entretanto todavia
toda via mas toda vida
é indignação do achado e aguda espotejação
da carne do conhecimento, ora veja

permita cavalheir(o,a)
amig(o,a) me releve
este malestar
cantarino escarninho piedoso
este querer consolar sem muita convicção
o que é inconsolável de ofício
a morte é esconsolável consolatrix consoadíssima
a vida também
tudo também
mas o amor car(o,a) colega este não consola nunca de núncaras.

§

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal,
senão rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e
uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuido pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.

§

O amor bate na porta

Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.

O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não posso compreender...

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PALABRAS PARA JULIETA

PALABRAS PARA JULIETA (III)



tropieza
con un hipopótamo de plástico
tropieza
con jirafas, pelotas, peluches,
puzzles, pianos, xilofones, tambores

tropieza y se cae y se levanta y
tropieza
con legos, marionetas, cajas, caballos

no está mal
que aprenda tan pronto
a dejar las excusas a un lado
a no echar la culpa al mundo

saber que siempre
son las cosas que no dejamos
en su sitio
las que nos hacen tropezar


Jorge M. Molinero

[Electricidad con ictericia]


tropeça
com um hipopótamo de plástico
tropeça
com girafas, bolas, peluches,
puzzles, pianos, xilofones, tambores

tropeça e cai e levanta-se 
tropeça
com legos, marionetas, caixas, cavalos

não está mal
que aprenda tão depressa
a pôr as desculpas de lado
a não deitar a culpa ao mundo

saber que são
sempre as coisas que não deixamos
no lugar
aquelas que nos fazem tropeçar


(Trad. A.M.)
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