domingo, 3 de abril de 2016

A Caminhada

Feliz Suábia, minha mãe,
Também tu, à tua irmã Lombardia, mais brilhante,
Do outro lado, similar,
Banhada por cem ribeiros!
E árvores que bastem, de flores brancas e avermelhadas,
E repletas de folhagem mais escura, bravia, de um verde 
carregado,
E também os Alpes suíços vizinhos
Em ti projectam a sua sombra; pois tu habitas
Junto do fogo da casa, e ouves como no seu interior
De cálices de prata
Rumoreja a fonte, derramada 
De mãos puras, quando aflorado

Por cálidos raios
O gelo cristalino e deslocado
Pela luz levemente táctil
O cume nevado inunda a Terra
Com a água mais pura. Assim a fidelidade
Te é inata. Dificilmente abandona
Tal lugar aquele que habita junto das origens.
E as tuas filhas, as cidades,
Junto do lago sem fundo e cheio de fulgor ao longe,
Junto dos salgueiros do Nécar, junto do Reno,
São unânimes: em mais nenhum lugar
Melhor se poderia viver.
[…]

Friedrich Hölderlin (1770-1843)
Hinos Tardios
(tradução e prefácio de Maria Teresa Dias Furtado)

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