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eis-me acordado
com o pouco que me sobejou da juventude nas mãos
estas fotografias onde cruzei os dias
sem me deter
e por detrás de cada máscara desperta
a morte de quem partiu e se mantém vivo
a luz secou na orla desértica da cidade
escrevo para sobreviver
como quem necessita partilhar um segredo
este corpo em que me escondi
gastou-se
quantas noites permanecerão intactas
no fundo do mar? o rosto ainda jovem
foi o tesouro de seivas que me entonteceu
pelo corpo condeno-me à vida
de susto em susto à inutilidade da escrita
mas eis-me acordado
muito tempo depois de mim
esperando por alguma fulguração do corpo
esquecido
à porta do meu próprio inferno
al berto
regresso às histórias simples
o medo
assírio & alvim
1997
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