terça-feira, 5 de abril de 2016

" No sé. Sólo me llega en el venero
        de tus ojos, la lóbrega noticia
        de Dios; sólo en tus labios, la caricia
        de un mundo en mies, de un celestial granero.

        ¿ Eres limpio cristal, o ventisquero
        destructor ? No, no sé… De esta delicia,
        yo sólo sé su cósmica avaricia,
        el sideral latir con que te quiero.

        Yo no sé su eres muerte o eres vida,
        si todo rosa en ti, si toco estrella,
        si llamo Dios o a ti cuando te llamo.

        Junco en el agua o sorda piedra herida,
        sólo sé que la tarde es ancha y bella,
        sólo sé que soy hombre y que te amo "

           Dámaso Alonso ( 1898-1990 )


"Não sei. Só me chega na veneração
         de teus olhos, a lúgubre notícia
         de Deus; só em teus lábios, a carícia
         de um mundo em colheita, de um celestial celeiro.

         És límpido cristal ou monte glaciar
         destruidor? Não, não sei ... Desta delicia,
         Eu só sei de tua avidez cósmica,
         a sideral batida com que te quero.

         Eu não sei se és morte ou se és vida,
         Se tudo emana de ti, se toco estreleja,
         se chamo Deus ou a ti quando eu te chamo.

         Junco em água ou surda pedra ferida,
         Só sei que a tarde é grande e bela,
         só sei que sou um homem e que te amo "


            Dámaso Alonso (1898-1990)

Sem comentários:

Enviar um comentário