" No sé. Sólo me llega en el venero
de tus ojos, la lóbrega noticia
de Dios; sólo en tus labios, la caricia
de un mundo en mies, de un celestial granero.
¿ Eres limpio cristal, o ventisquero
destructor ? No, no sé… De esta delicia,
yo sólo sé su cósmica avaricia,
el sideral latir con que te quiero.
Yo no sé su eres muerte o eres vida,
si todo rosa en ti, si toco estrella,
si llamo Dios o a ti cuando te llamo.
Junco en el agua o sorda piedra herida,
sólo sé que la tarde es ancha y bella,
sólo sé que soy hombre y que te amo "
Dámaso Alonso ( 1898-1990 )
"Não sei. Só me chega na veneração
de teus olhos, a lúgubre notícia
de Deus; só em teus lábios, a carícia
de um mundo em colheita, de um celestial celeiro.
És límpido cristal ou monte glaciar
destruidor? Não, não sei ... Desta delicia,
Eu só sei de tua avidez cósmica,
a sideral batida com que te quero.
Eu não sei se és morte ou se és vida,
Se tudo emana de ti, se toco estreleja,
se chamo Deus ou a ti quando eu te chamo.
Junco em água ou surda pedra ferida,
Só sei que a tarde é grande e bela,
só sei que sou um homem e que te amo "
Dámaso Alonso (1898-1990)
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