domingo, 3 de abril de 2016

§

POEMAS DE ANNA SWIR

Durmo e ronco

Minhas pernas roncam,
minhas mãos roncam,
minha barriga ronca
feito insolência.
Eu sou a capital do Império do Ronco.

A felicidade total,
por assim dizer.

(versão de Ricardo Domeneck, a partir da tradução inglesa de Czesław Miłosz & Leonard Nathan)

§

Recital de poesia

Enrosco-me em espiral
como um cão
que tem frio.

Quem me vai dizer
porque nasci,
a razão desta monstruosidade
chamada vida.

O telefone toca. Tenho de dar
um recital de poesia.

Entro.
Uma centena de pessoas, uma centena de pares de olhos.
Olham, esperam.
Eu sei porquê.

É suposto dizer-lhes
porque nasceram,
porque existe
esta monstruosidade chamada vida.



(versão de Luis Filipe Parrado, a partir da tradução inglesa de Czeslaw Milosz e Leonard Nathan, extraído de sua página Do Trapézio, Sem Rede)

§

Sem comentários:

Enviar um comentário