domingo, 5 de junho de 2016

Via-te lá do outro lado
como se de um abrigo subterrâneo
saísses: cauteloso e espantado
com a luz que brilhava sobre os telhados
ainda trazias o casaco comprido de inverno
podia ter feito um sinal
podia-te ter feito perguntas
havia entre nós a rua como água
atrás de mim estavam mães sentadas no parque
em redor do museu, os filhos
levavam bofetadas até chorarem
a mim salvou-me o tempo,
a distância, este poema

miriam van hee
uma migalha na saia do universo
antologia da poesia neerlandesa do século vinte
tradução de fernando venâncio
assírio & alvim
1997

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