sexta-feira, 10 de junho de 2016

[Não perscrutes o anónimo futuro,]

Não perscrutes o anónimo futuro,
Lídia; é igual o futuro perscrutado
Ao que não perscrutarás,
Quem o deu, o deu feito.

Disformes sonhos antecipam coisas
Que serão piores que os disformes sonhos.
No temor do futuro
Nos futuros perscrutamos [?].

Sabe ver só até o horizonte
E o dia, memora da flor hesterna
Mais que do melhor fruto
Que talvez não colhamos.

Ricardo Reis (Fernando Pessoa - 1888-1935)
Poesia
(edição de Manuela Parreira da Silva)

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