domingo, 6 de março de 2016

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O próprio sonho me castiga. Adquiri nele tal lucidez que vejo como real cada coisa que sonho. Eu perdi, portanto, tudo quanto a valorizava como sonhada.
Sonho-me famoso? Sinto todo o despimento que há na glória, toda a perda da intimidade e do anonimato com que ela é dolorosa para connosco.

Fernando Pessoa (1888-1935)
Livro do Desassossego — composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa
(edição de Richard Zenith)

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