quarta-feira, 30 de março de 2016

Sobre uma Estátua

Quê?! Nesta estância balnear
— Repouso, tréguas, paz — contigo
De face ou dorso venho dar,
Ganímedes, meu belo amigo!

Arrebata-te a águia, acaso
Com pena, do meio das flores;
Avara de efusões sua asa
Parece querer-te, se tu fores.

Oh! Não prò Júpiter tirânico,
Mas «pràs nuvens», talvez, plo visto.
E aquele olho que me dá pânico
Lança-te um olhar bem esquisito…

Fica connosco, ó bom rapaz!
Todo este tédio em que me movo
Distrai-o tu, como és capaz.
Pois não és nosso irmão mais novo?

Paul Verlaine (1844-1896)
Hombres — e algumas mulheres
(tradução de Luiza Neto Jorge, apresentação de Aníbal Fernandes)

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