esta noite, diz o jornal, há sangue em muitas mãos,
que mãos em que parte do mundo?
em toda a parte há sangue em quase todas as mãos?
nas mãos que matam, nas que escrevem poemas bárbaros?
e a que leis obscuras obedecem esses poemas para serem
assim bárbaros?
será tão perigoso o modo como agora,
neste mundo,
se escrevem para leitura legal tantos poemas bárbaros para
além da gramática,
bárbaros na intenção primeira,
há muita gente bárbara que escreve poemas,
bárbaros ou não,
há gente mínima por aí a toda a volta
que escreve ou não escreve mas lê
poemas bárbaros, há tanta gente bárbara
que torna mínimo qualquer poema
bárbaro ou não
bárbaro poema aqui escrito em tudo quanto é mundo dito
ou não dito bárbaro
herberto helder
letra aberta
porto editora
2016
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