Sentada e brincando com a areia…
Há tanto tempo, tantos meses que não vejo areia
Deixando correr a areia das mãos distraidamente…
É a areia que me dá a imagem, a plástica expres-
são dos meus pensamentos.
Enchem-me a cova da mão, aquecem-na e logo
começam correndo, perdendo-se…
vem gente, passantes, vagos interessados e incre-
pam-me:
Que fizeste dos teus pensamentos?
Não os vêem, grãos de areia disseminados.
Mas este pó sem consistência, imponderável, dos
pensamentos, por força se há-de fixar e brilhar?
Não.
O pó, a poeira no ar se respira, o próprio bafo
as espalha.
irene lisboa
um dia e outro dia…
outono havias de vir
obras de irene lisboa
volume I poesia I
editorial presença
1991
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