terça-feira, 22 de março de 2016

Como se na boca da trompete
coloca-se a surdina sobre a vida
e a memória irrompe qual um vento
imitação de sons    de vozes    tiros
num escuro que nada mais já pode iluminar

Não há cheiro novo que resseja a planta
verdadeira    a genuína cor    o prato
a fumegar de uma sápida sopa inexistente
sopra-se na vida todo o ar que o tempo
nos pôs no peito em anos discorridos
e é cor de sombra agora o arco-íris


pedro tamen
memória indescritível
gótica
2000

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