terça-feira, 17 de maio de 2016

á não encontro nos jornais tão frequentemente como noutros tempos aquelas pessoas que escrevem bem e nos arrastam da primeira à última linha dos seus textos sem qualquer dificuldade e com todo o prazer. Mas não costumo falhar as crónicas de João Taborda da Gama no Diário de Notícias, sobretudo se os temas me interessarem. Uma das últimas que li dizia respeito, entre outras coisas, a impostos sobre gorjetas – e a verdade é que me senti «gratificada» pela leitura, tendo aprendido muita coisa. Descobri, por exemplo, que a nossa palavra «gorjeta» vem efectivamente de «gorge» (garganta em francês); e faz, aliás, todo o sentido que assim seja, uma vez que «gratificação» em francês se diz justamente «pourboire» (para beber, à letra), ou seja, dava-se um dinheirinho a alguém que nos fizera um serviço para ir molhar a garganta (a «gorgette» será algo como um golinho; e até seria giro dizermos: «Obrigada. Tome lá para um golinho.»). O cronista presume que esta forma de retribuição é um pouco estranha (talvez porque hoje pensemos que, ao dar uma gorjeta, estamos no fundo a dizer «vá tomar uma cervejinha», a alimentar o alcoolismo), mas depois conclui que, muito provavelmente, essa palavra remonta a um tempo em que alguém tinha de fazer por vezes um longo percurso para cumprir o serviço (imaginem: ir entregar uma encomenda a pé) e, por isso, merecia um copinho de água. Um dia destes vou pôr-me a investigar donde vem «tip», a gorjeta inglesa…
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