domingo, 17 de janeiro de 2016
"...A campanha presidencial a que estamos a assistir mostra bem o que significa uma democracia plebiscitária em que tudo se reduz à teatralização da esfera política. O ciberespaço revela-se assim na sua dupla face: factor de novas emancipações, ao mesmo tempo que promove alienações e patologias sociais inéditas. Os paradoxos desta nova condição do espaço público na época da «ciberdemocracia» podem ser apreendidos no exemplo dos comentários que os leitores escrevem no espaço que lhes é reservado nas páginas on-line dos jornais. Não há nada de mais democrático e interactivo, uma contínua discussão crítica estava assim prometida. Mas o que ganhou preponderância foi o insulto e a tagarelice. Aquele espaço de discussão, na maior parte das vezes, anula-se nos seus objectivos. Em vez de ser um factor de correcção das «patologias» mediáticas, é uma acentuação das suas perversões patológicas. De tal modo que muitos, os mais aptos a contribuir para o alargamento de um espaço público esclarecido, se afastam.
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