OUTRA ESTAÇÃO:
mas não o ciclo
em que o sol se amedronta ou reanima,
os jardins se reduzem
a um corpo transido,
ou estuantes projectam seu domínio
em laivos e oloroso alento,
os frutos se completam a acender
o gosto e as mãos que os solicitam,
ou se decompõem na lembrança
da imagem que nos gasta ao esvair-se.
É o curso exausto pelo entorpecer
do ímpeto do sangue,
com a voz despojada da harmonia
que dá sua força aos nomes,
e lábios que ao buscarem rostos deensos
aspiram cinzas, sombras:
cerram-se os olhos, até se consumar
a hora lenta que os rende
pela estrela da tarde.
[JOSÉ BENTO (1932)]
(Alguns Motetos)
(in Poemário Assírio & Alvim 2013)
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