Não sei
se te deixei partir
se te deixei partir
Mas num segundo
já não estás na minha mão
nem à minha frente no papel
já não estás na minha mão
nem à minha frente no papel
Ficando eu sem saber
quem eras
quando te encontrei
quem eras
quando te encontrei
Se o retrato que de ti
tracei te é fiel
tracei te é fiel
Ou se de tanto te inventar
eu te perdi, por entre
as florestas das histórias
eu te perdi, por entre
as florestas das histórias
Penumbras dos palácios
Pensamentos, poesias e diários
Oceanos e ventos
Pensamentos, poesias e diários
Oceanos e ventos
Pois nem sequer
percebo se por mim
te afastei ou te larguei
percebo se por mim
te afastei ou te larguei
Se obstinada fugiste
ou te esqueci
Se a Torre onde te pus é de Babel
ou te esqueci
Se a Torre onde te pus é de Babel
E dela partirás
para viver a única
paixão da tua vida
para viver a única
paixão da tua vida
Não, nem sequer sei
qual foi o meu olhar
pousado em ti
qual foi o meu olhar
pousado em ti
Se com ele te espiei
te persegui
E no espelho onde te vias
te persegui
E no espelho onde te vias
Eu te olhei
[Maria Teresa Horta, Poemas para Leonor, Dom Quixote, 2012, p. 138-9]
Sem comentários:
Enviar um comentário