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a labareda da estrela oculta a estrela, numa
rebentação de luz
a camisa oculta a camisa, e o sangue às riscas
gira e brilha no fundo da camisa contra a estrela:
que te abalam do direito adentro ao esquerdo:
o choque púrpura, o ascensional
néon ardendo
— ¿e como é que isto é um segredo? —
a mão oculta-se na queimadura a cada faísca da folha
— ¿mas como se escreve o sentido? —
o sangue que o escreve oculta o sangue e o escrito
— ¿e então como se oculta e desoculta
isto: a estrela que te devora e de que tremes todo,
bêbado e nocturno?
Herberto Helder (1930)
Ofício Cantante
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