sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Escreve, diz-me o amigo interior.
Não faças mais nada. E assim faço,
escrevo, esteja onde estiver.
Em lugares ou em livros ou em pessoas.
Se pouso em pessoas em breve
levanto voo e levo delas mais matéria
de escrita, Devorei. E se fui devorado, resisti
e fiquei mais fecundado.
Escrevia quando trabalhava em fábricas
ou num banco, escrevo agora
que subo um elevador, escrevi há pouco
no parque do meu bairro.
Escrevo quando me elevo
e quando penetro.. Escrevo
quando ouço música
e quando assisto a um funeral.
Será uma solidão, isto de escrever,
mas a minha tem sido bastante acompanhada.
Escrevo quando subo e quando desço
os declives das minhas amadas, dentro
e nos intervalos dos meus casamentos.
Sei da escrita que dela
nunca me divorciarei.

Casimiro de Brito

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