quarta-feira, 13 de janeiro de 2016


capa_IChing.jpgEste livro existe: “I Ching”, uma leitura actual (e portuguesa…) de um clássico livro chinês com mais de 2000 anos. Aceitei escrever o prefácio porque me interesso pelo I-Ching há quase vinte anos, porque acho fascinantes os ensinamentos que encerra, e porque merece ser mais divulgado entre nós. Tenho pouco de esotérico, mas lá está: “não negue à partida uma ciência que desconhece…” Deixo aqui um bocadinho do meu prefácio, uma forma de dar força ao livro e de explicar esta minha atracção por uma obra, no mínimo, surpreendente…
“Nunca acreditei em qualquer coisa que estivesse muito para lá do que a vista alcança ou a lógica sustenta. Mas também nunca deixei de me fascinar pelo que me escapa (ignorância ou receio de saber…), fosse o segredo dos aviões levantarem voo ou a lógica das marés. Ao longo da vida, dei comigo a aceitar que me lessem cartas de Tarot e búzios, e ouvi longas prelecções sobre o mapa astrológica que me calhou. (…)
Porém, só quando conheci o I Ching parei, pela primeira vez, para pensar. Não na fé – mas antes no livre arbítrio que nos leva a decidir em função da razão ou do coração, tantas vezes apenas em função da intuição.  
(…)
Vivemos um tempo bipolar e aparentemente absurdo em que tudo é rápido, fugaz, tantas vezes incompreensível, e a sociedade deixa-se arrastar pelo turbilhão – mas ao mesmo tempo essa mesmíssima sociedade procura paz, explicação, meditação. Competitividade, concorrência, globalização, flexibilidade, insegurança – são tudo palavras antigas que se usam agora mais do que nunca. O tempo é de apreensão – mas é também de fascínio e paixão. Novas tecnologias, redes sociais, o mundo ao alcance de um click. De um lado, a rapidez e o stress – do outro, para compensar, a procura do relaxamento, da nova atitude, seja através de práticas como a do Yoga ou a mais comum massagem, a aromaterapia, a acupunctura. 
Parece que o nosso organismo nos pede essa compensação pelos “trabalhos forçados” que lhe infligimos. Sinto esta dualidade diariamente – e procuro, como todos nós, escapar-lhe com os meus momentos, as minhas fugas, os meus segredos. 
O I Ching é um desses pontos de fuga. E ao forçar-me a abrandar, por instantes, a agenda do meu dia, muda o curso da vida, na medida em que atrasa um café ou adia uma palavra infeliz que ía escrever. Com tudo o que isso implica. Gosto desse travão numa timeline que quero cada vez mais ser eu a definir. O I Ching é, para mim, apenas isso. É isso tudo”.

in Pedro Rolo Duarte

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