aquelas pernas ali a dar a dar
dos homens levam os olhos ao passar
são borboletas canários verde mar
onde mergulho a medo o meu olhar
são promessas que sei sem cobertura
de uma viagem pelo interior natura
aquelas pernas ali a dar a dar
dos homens levam os olhos ao passar
são às dezenas às centenas ao milhar
a desenharem nos passeios pombas brancas
nascem nos pés e vão até às ancas
por um caminho que é bom de passear
aquelas pernas ali a dar a dar
dos homens levam os olhos ao passar
uma claras são outras morenas
umas marias outras manuelas
umas maiores outras mais pequenas
mas as tuas são melhores que todas elas
as tuas pernas aí a dar a dar
que já nem posso este poema terminar
Manuel Alberto Valente
Poesia Reunida, O Pouco que Sobrou de Quase Nada
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