quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A Ideia de Árvore que Pertence ao Arbusto

Enquanto o pio pertence à própria ave esclareço 
que me vieste libertar da apropriação das coisas próprias, 
da atribuição dos denominadores às coisas, da técnica 
flagrante de meditação. A imaginação serena, 
depois de que o sabor me fez suspender 
a Natureza para a nova proposta da cultura. 
Fechei o olhar, e tudo o que esplende e passava 
pela paleografia, a minha secreta fase, ordena 
que para além da volúpia da insignificância 
da significação, embora lhe chamem semiótica, 
eu designe o meu corpo infiel à filosofia e fiel a ti mesmo. 
Deste modo procurei descrever a linha radial dos arbustos 
que hoje posso colocar imediatamente como numa écloga: falo-te 
segundo a lei da variação onomástica do género pastoral, 
em nome do teu nome. Distingo-te do tom de Piério 
com a maior exaltação de um amante. O amor tende 
e distende o júbilo da periferia desta folha túmida, 
é o conjunto da minha consciência do teu corpo e da minha 
abjuração 
da história do teatro português, enquanto a figura de árvore 
pertence àquele arbusto. 

Fiama Hasse Pais Brandão (1939-2007)
Obra Breve

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