sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A Viola da Alfama

Viola triste da feudal Alfama,
berço godo de heróis, que amaram riscos!…
Lisboa põe-te ao peito, e canta e exclama,
— como nos tempos dos solaus mouriscos.

O moço Egas Moniz, sem tons ariscos,
aqui ternos solaus tangeu à dama,
por esses turvos becos da moirama,
em que hoje há vis alfurjas com petiscos.

Bastas vezes aqui os arrabis
dos Infanções, Gardingos, e Alvazis,
se desataram em chorosos ais…,

para as adufas das preciosas moiras,
as quais namoriscavam como as loiras
— e piscavam seus olhos orientais.

Gomes Leal (1848-1921)
Mefistófeles em Lisboa — e outros humorismos poéticos
(edição de José Carlos Seabra Pereira)

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